Travel 6 minutos 17 Dezembro 2024

O que fazer em Lisboa: 12 sugestões imperdíveis

Descubra a capital portuguesa à boleia das nossas sugestões de sítios para ver, comer ou dormir.

Esteja céu azul ou nublado, Lisboa é conhecida pela luz que reflete nas fachadas cobertas de azulejo mas também no Tejo, garantindo a quem lá mora o uso de óculos de sol durante grande parte do ano. Cidade feita de várias camadas históricas, é a segunda capital europeia mais antiga, a seguir a Atenas — e um palimpsesto que vale a pena estudar e redescobrir. Damos 12 sugestões de coisas para ver, fazer, comer ou descobrir.

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1. Um salto no tempo

Lisboa, se fatiada, terá tantas camadas como uma bebinca. Por ela passaram povos da antiguidade clássica, outros vindos do Norte de África, alguns trauliteiros medievais e viajantes do Extremo Oriente. Fenícia, romana, mourisca, judaica, africana, nobre, popular, triste e alegre — e, agora, mais internacional que nunca —, esta cidade é como folhear um livro de História. Das Galerias romanas da Rua da Prata ao Convento do Carmo (com o Carnal, Bib Gourmand, ali tão perto), passando pela Baixa Pombalina, traçada a régua e esquadro, ou pelo bairro art déco escondido nos Anjos, calce uns bons ténis e divirta-se a percorrer as ruelas e colinas da capital.

A Baixa Pombalina, traçada a regra e esquadro pelo Marquês de Pombal, é um ponto obrigatório de passagem © Starcevic/iStock
A Baixa Pombalina, traçada a regra e esquadro pelo Marquês de Pombal, é um ponto obrigatório de passagem © Starcevic/iStock

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2. À boleia pela galáxia

Com a cena gastronómica em Portugal a fervilhar, é natural que Lisboa se evidencie cada vez mais como destino turístico para quem gosta de comer bem. Basta passear pelo Chiado e Baixa para descobrir uma constelação de Estrelas MICHELIN: o Belcanto, de José Avillez, e o Alma, de Henrique Sá Pessoa, ambos com duas Estrelas; além do Encanto, projeto vegetariano de Avillez, o 100 Maneiras, de Ljubomir Stanisic, e o EPUR, de Vincent Farges, com uma Estrela MICHELIN. Saindo desse eixo central, encontra ainda, com uma Estrela, SÁLA de João de Sá2Monkeys, de Vítor Matos e Guilherme Spalk; Loco, de Alexandre Silva; CURA, de Pedro Pena Bastos; Eleven, de Joachim Koerper; Kabuki Lisboa, de Sebastião Coutinho; Feitoria, de André Cruz; Kanazawa, de Paulo Morais; e o Fifty Seconds, de Rui Silvestre.

Beterraba em diferentes texturas, leite de pinhão e caviares é um dos pratos que José Avillez serve no Belcanto © Grupo José Avillez/Belcanto
Beterraba em diferentes texturas, leite de pinhão e caviares é um dos pratos que José Avillez serve no Belcanto © Grupo José Avillez/Belcanto

3. Ao longo do rio

Banhada pelo Tejo, que nasce a 1100 km de distância, na espanhola Serra de Albarracim, Lisboa sempre viveu virada para o rio. Das tradicionais varinas aos marinheiros, dos cacilheiros que atravessam para a outra margem aos grandes cruzeiros que agora atracam no terminal perto de Santa Apolónia, o rio traz e leva gente nova todos os dias. Conheça melhor o seu percurso caminhando por Belém (almoce n’O Frade, Bib Gourmand), sem esquecer uma visita aos tradicionais pastéis; e depois aventure-se pelo Cais das Colunas até chegar ao Zunzum Gastrobar, de Marlene Vieira (Bib Gourmand). Pegue numa bicicleta e vá de Marvila até à Expo — aqui poderá observar o rio de cima, no teleférico ou no Fifty Seconds (uma Estrela MICHELIN).

Lisboa, uma cidade que sempre viveu voltada para o rio Tejo © vale_t/iStock
Lisboa, uma cidade que sempre viveu voltada para o rio Tejo © vale_t/iStock

4. Lojas com história

São cada vez menos as lojas com história de portas abertas. Engolidas pelo comércio em grande escala, as que subsistem mantêm-se resistentes, como uma certa aldeia gaulesa. A Luvaria Ulisses, em pleno Chiado, é pequena em tamanho, mas grande em qualidade e beleza, com luvas de diferentes tecidos e cores. Não muito longe fica a livraria mais antiga do mundo em funcionamento, a Bertrand, fundada em 1732. Já a Conserveira de Lisboa, próxima do Terreiro do Paço (e do Prado), completou 94 anos em outubro, e nela vende-se atum, cavala, sardinha ou polvo em conserva. Fora do centro, em Alvalade, encontra-se uma das pérolas da cidade, a Mariazinha, com a sua venda de café a granel, assim como chás, chocolates e rebuçados.

A Luvaria Ulisses, na Rua do Carmo, abriu portas em 1925 © soniabonet/iStock
A Luvaria Ulisses, na Rua do Carmo, abriu portas em 1925 © soniabonet/iStock

5. Passeio na selva urbana

Não é tarefa fácil, mas, se procurar bem, encontrará alguns espaços verdes na cidade para passear. O Jardim Botânico, no Príncipe Real, é um oásis escondido na malha urbana (se optar por um passeio de final de tarde, pode sempre jantar no Âmago e dormir no Memmo Príncipe Real Hotel Lisboa). Não muito longe, fica a Estufa Fria, paredes meias com o Parque Eduardo VII, onde há mais de 300 espécies de plantas. Inaugurado no verão de 2023, o Jardim do Caracol da Penha foi uma conquista popular: onde era suposto construir-se um parque de estacionamento, nasceu um jardim em socalcos, com uma pequena horta e um escorrega para todos — incluindo adultos.

Escondido entre os prédios do Príncipe Real, o Memmo Príncipe Real oferece uma vista deslumbrante sobre a cidade. Daqui, é possível ver o castelo de São Jorge! © Memmo Príncipe Real Hotel Lisboa
Escondido entre os prédios do Príncipe Real, o Memmo Príncipe Real oferece uma vista deslumbrante sobre a cidade. Daqui, é possível ver o castelo de São Jorge! © Memmo Príncipe Real Hotel Lisboa

6. Pausa para a leitura

Nem sempre é fácil folhear um livro quando se quer calcorrear uma capital europeia de uma ponta a outra. Na impossibilidade de os ler, por que não admirá-los? Na Buchholz, perto da Avenida da Liberdade, pode conhecer alguns dos clássicos da literatura mundial, ao mesmo tempo que encontra uma programação dinâmica quase todos os dias da semana (aproveite para dormir no Hotel Hotel Lisbon). Se quer mergulhar na literatura no feminino, visite a Greta, uma pequena livraria de bairro com uma seleção cuidada das melhores autoras mundiais. Por perto fica a It’s a Book, um espaço dedicado a livros infantis e à ilustração, que é um favorito dos miúdos (e dos graúdos).

O restaurante e o bar do Hotel Hotel Lisbon dão para um pátio interior verdejante © Hotel Hotel Lisbon
O restaurante e o bar do Hotel Hotel Lisbon dão para um pátio interior verdejante © Hotel Hotel Lisbon

7. Os mercados estão a subir

Seja para ouvir os pregões dos feirantes ou para comprar frutas, legumes ou flores, é obrigatório visitar um mercado lisboeta. Dos mercados mais tradicionais, que vendem produtos hortícolas — quase todos provenientes dos concelhos vizinhos, como o 31 de Janeiro ou o Mercado de Alvalade — aos mais modernos, como o Time Out Market (que combina bancas de frescos com um espaço gastronómico), há opções para todos os gostos. Também vale a pena explorar os que ocupam a rua, como a Feira do Relógio, onde é possível encontrar bancas de comida ambulante, legumes da estação e até roupas. No final de qualquer uma das caminhadas, recomendamos uma ida ao BAHR para jantar — e beber uns cocktails. 

Inaugurado em 2014, o Time Out Market assinalou 10 anos em maio. Reúne grandes restaurantes da cidade num único espaço © Radiokukka/iStock
Inaugurado em 2014, o Time Out Market assinalou 10 anos em maio. Reúne grandes restaurantes da cidade num único espaço © Radiokukka/iStock

8. Novidade na cidade

Arriscamo-nos a dizer que um dos eventos do ano foi a renovação do CAM, o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian. Aberto desde 1983, com projeto de Sir Leslie Martin, o CAM ganhou uma longuíssima pala em madeira, assinada pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, e um novo jardim, a cargo de Vladimir Djurovic. Pode optar por almoçar por lá, no Go Juu ou n’O Talho, ambos a menos de cinco minutos de distância.

O nome não engana, estamos num espaço dedicado à carne, com assinatura do chef Kiko Martins © Francisco Rivotti/O Talho
O nome não engana, estamos num espaço dedicado à carne, com assinatura do chef Kiko Martins © Francisco Rivotti/O Talho

9. Suba a colina — qualquer uma delas

Não vale a pena esconder o óbvio: Lisboa não é uma cidade fácil para andar a pé. Mas também não é impossível fazê-lo, até porque, a cada colina que se sobe, tem-se a certeza de se encontrar uma vista sem igual. Há vários miradouros espalhados pela cidade, desde o mais conhecido Miradouro de São Pedro de Alcântara, perto do 100 Maneiras (uma Estrela MICHELIN), ao da Graça, perto do Plano (e da Feira da Lavra, a funcionar aos sábados e terças de manhã), sem esquecer o quase secreto Jardim do Torel, que além de estar perto do elevador mais antigo da capital, o do Lavra, fica no caminho do 2Monkeys (uma Estrela MICHELIN).

Lisboa tem um conjunto de miradouros que não dão descanso às máquinas fotográficas © Sohadiszno/iStock
Lisboa tem um conjunto de miradouros que não dão descanso às máquinas fotográficas © Sohadiszno/iStock

10. Onde ir às compras?

Em Lisboa há ofertas para todos os gostos e carteiras. Na cosmopolita Avenida da Liberdade, encontra marcas internacionais como Gucci, Loewe ou Miu Miu, só para enumerar algumas — aqui, opte por ficar no The One Palácio da Anunciada, que o fará esquecer que está paredes meias com a avenida mais movimentada da cidade. As concept stores invadiram, nos últimos anos, o eixo São Bento - Santos com roupa, peças de decoração, livros ou obras de arte — nesta região, sugerimos que espreite a Home Core, a Palavra de Viajante e a Kintu Studio pelo caminho. Mais acima, em Campo de Ourique, lojas de bairro convivem tanto com marcas de decoração sofisticadas como com puericultura que vai além do rosa, azul e amarelo bebés, como a Banema ou a Bahú Kids.

Erguido num antigo edifício de 1533, o The One Palácio da Anunciada, tem um dragoeiro centenário no seu interior © The One Palácio da Anunciada
Erguido num antigo edifício de 1533, o The One Palácio da Anunciada, tem um dragoeiro centenário no seu interior © The One Palácio da Anunciada

11. Beber um cocktail

Além dos ingredientes, há mais uma coisa a ter em atenção na altura de pedir um cocktail: se é com ou sem vista. Se for pelo primeiro, o Rossio Gastrobar mostra Lisboa como se fizesse parte dela, com uma vista deslumbrante sobre a Baixa. A carta de cocktails está a cargo de Flavi Andrade, bartender que gosta de surpreender todos os sentidos, incluindo a visão, com sugestões tão chamativas como o Olympia, que junta Ojo de tigre, vodka, baunilha e maracujá, ou o Expresso Além do Tejo, com rum, Grand Marnier, infusão de bolota e Dalgona de bolota. Sem vista, mas com um carisma que se sobrepõe a todos os outros, destacamos o Red Frog, um premiado speakeasy a cargo do visionário Paulo Gomes. Durma no outro lado da rua, no Heritage Avenida Liberdade.

O Heritage Avenida Liberdade tem decoração de Miguel Câncio Martins, conhecido pelos interiores do Buddha Bar de Paris © Heritage Avenida Liberdade
O Heritage Avenida Liberdade tem decoração de Miguel Câncio Martins, conhecido pelos interiores do Buddha Bar de Paris © Heritage Avenida Liberdade

12. Há vida além do pastel de nata

A Confeitaria Nacional, na Baixa, assim como a renascida Suíça, a poucos metros de distância uma da outra (e do The Visionaire Apartments, já agora), provam facilmente que há vida além do pastel de nata, com as suas enormes montras repletas de bolos, ideais para provar com uma bica. Dos mais vistosos, com recheio ou chantilly, aos mais simples, vale a pena explorar o que está do lado de lá da vitrine. Na Versailles, encontra um dos Bolos-Rei mais afamados da cidade, enquanto na Mexicana pode saborear Garibaldis e esquimós, sob o painel em cerâmica de Querubim Lapa. No final, não se esqueça de passar pela Manteigaria e levar consigo um pastel de nata.

A Confeitaria Nacional, na Praça da Figueira, é dona de uma das receitas de pastel de nata mais antiga de Lisboa. Mas não só! © soniabonetiStock
A Confeitaria Nacional, na Praça da Figueira, é dona de uma das receitas de pastel de nata mais antiga de Lisboa. Mas não só! © soniabonetiStock

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Imagem de capa: O Fifty Seconds, na Expo, tem uma vista privilegiada sobre o rio. Na cozinha está o chef Rui Silvestre © Henrique Isidoro/Fifty Seconds

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