Ao longo dos anos, a culinária e as relações sociais com a comida e com os insumos foram se modificando e, com isso, também a profissão de chef de cozinha. Foi com a descoberta de especiarias, no descobrimento de novos territórios, que a elaboração de receitas tornou-se, de fato, uma expressão de arte e sabor. Assim, a profissão de chef conquistou um status artístico, criativo, de expressão de sentimento, e admirada por muitos fãs ao redor do mundo. Não à toa, foi criado o Dia Internacional do Chef de Cozinha. Comemorada no dia 20 de outubro, é uma data para se refletir sobre a importância de vestir o dólmã.
O chef é a alma da cozinha. Além de comandar uma brigada inteira, o chef cria um conceito e imprime seu estilo aos pratos, por meio de suas receitas. Por isso, um cozinheiro só vira chef depois de anos de muito trabalho. Ser chef de cozinha significa experiência e talento. Mas, o que faz um cozinheiro se tornar um chef bem-sucedido em seu trabalho? O que ele deve aprender durante esta trajetória para ser admirado? Conversamos com alguns chefs de restaurantes estrelado do Guia MICHELIN, e colhemos alguns conselhos para quem sonha em iniciar a carreira no comando do fogão.
Ter a certeza de que quer seguir na profissão.
À frente do Tordesilhas, Bib Gourmand no Guia MICHELIN, a chef Mara Salles, que comanda a casa com mais de 30 anos em São Paulo, lembra que é preciso ter sinergia com a cozinha para seguir na profissão. "Às vezes você escolhe a cozinha porque gostava de cozinhar com a mãe, a avó, ou porque viu em programas de televisão, mas quando você entra em uma cozinha profissional, tudo pode mudar. É um trabalho árduo, que exige esforço físico e mental”.
Chef Mara Salles do Tordesilhas - Crédito: Iara Venanzi
Ousadia
Resiliência foi a primeira palavra que veio à mente da chef Walkyria Fagundes, do AÊ Cozinha, Bib Gourmand de São Paulo, quando questionada sobre o seu sucesso. “é uma profissão exigente e o reconhecimento demora para chegar. Mas ele vem, e quando chega, é muito gratificante”. Mas, completa ela, “uma boa pitada de ousadia também é muito importante, para correr atrás do sonho, buscar suas inspirações, se propor a aprender, a entender uma cozinha e tudo o que ela representa”, completa.
Chef Walkyria Fagundes do AÊ Cozinha - Crédito: Giuliana Nogueira
Respeito às relações
Uma vez dentro da cozinha, Mara Salles relaciona o sucesso de uma jornada com a forma como o profissional se relaciona com as pessoas, o ambiente, o alimento. “Trate muito bem sua equipe pois é ela que vai fazer seu trabalho ficar de pé. Trate muito bem os alimentos, eles são sua matéria prima preciosa. Entenda que o alimento demora para ser plantado e colhido, até chegar à mesa e ser consumido, e que você não precisa ter um ingrediente sofisticado para fazer um bom prato”, aponta. Para a experiente chef, é importante que o cozinheiro desenvolva seu repertório e procure aprimorá-lo: “ao longo do tempo você vai conseguir fazer criações boas. Criar, realmente, não é uma tarefa fácil. Cozinhe para fazer a felicidade dos outros e para fazer a sua própria felicidade”, finaliza a experiente chef.
Curiosidade e paciência
“Prove de tudo, sem medo nem preconceito, mesmo que aparentemente não vá agregar muito. Estude e pesquise, sempre, colocando em prática o que aprende. Não tenha receio de mudar de direção, mas também não se apresse em atingir seus objetivos pois é um caminho longo a ser percorrido” aconselha. Ele lembra que, como em qualquer profissão, a excelência e o reconhecimento vêm com a consistência e a experiência.
Chef do Oro, 2 estrelas no Guia MICHELIN no Rio de Janeiro, Felipe Bronze traz a curiosidade e paciência como pontos importantes para quem quer se desenvolver dentro da gastronomia.
Paixão pela gastronomia
Para Felipe Bronze, há ainda um ponto primordial para quem quer ter sucesso em sua carreira: “mantenha sempre a chama acesa! Se o fogo da paixão se apagar, vá fazer outra coisa: essa não é uma profissão para quem fica no meio do caminho”.
*Foto de capa: Chef Felipe Bronze do Oro Restaurante - Crédito: Tomas Rangel
