Estrangeiro ou brasileiro, turista ou morador, não importa: qualquer um que passe pela avenida das Nações Unidas, no Rio, vai precisar fazer um esforço sobre-humano para não ser capturado pela paisagem. Daquele pedaço da cidade é possível encarar, para além da água da Baía de Guanabara, os morros da Urca e o Pão de Açúcar – uma das imagens mais encantadoras não só do Brasil, mas do mundo.
Botafogo é o bairro onde a foto fica sempre bonita. Cravado entre os bairros de Copacabana e Flamengo, ele começa à beira-mar e se projeta até o Mirante Dona Marta, no morro homônimo. Pouca gente sabe, mas foi ali que a cidade do Rio de Janeiro foi fundada pelo português Estácio de Sá. Ou seja: Botafogo viu tudo acontecer. Foi lá que tudo (ou quase tudo) começou.
Tomada pelos portugueses no século 16, a região era velha conhecida – e admirada – por outros europeus. A praia e a enseada locais eram chamadas de “Le Lac” (o lago, em francês) por navegantes que passavam por ali. E seria batizada com o nome pelo qual é conhecida até hoje, ainda em 1590, quando o terreno entre os morros da Babilônia e da Viúva foi adquirido por João Souza Pereira, vulgo “Botafogo” – apelido que ganhou por ter sido chefe de artilharia de um navio português de mesmo nome.
Passear por Botafogo permite contemplar parte dessa história. O bairro da zona sul verticalizou-se nos últimos anos, mas ainda estão de pé alguns monumentos e casarões antigos que preservam parte da aura alcançada nos anos imperiais – como a Fundação Casa de Rui Barbosa. Erguida em 1850 na rua São Clemente, a construção foi o lar do diplomata entre os anos de 1895 e 1923.
Mas tudo mudou com a chegada da família real ao Brasil, em 1808. A partir de então, a região começa a atrair nobres portugueses e comerciantes ricos. O bairro ganha novos contornos e os sítios e fazendas vão dando lugar às ruas e estradas, casarões e palacetes. As águas da Baía de Guanabara, consideradas terapêuticas, atraíram as atenções de Carlota Joaquina, mãe de D. Pedro I, que decidiu se instalar ali, no Palacete Abranches, construído especialmente para ela.
Até o século 19, Botafogo era um tanto rural e alagadiça, sem maiores atrativos.
Resumindo, passa-se e come-se muito bem num dos mais belos cartões-postais do Rio de Janeiro. Faça um roteiro, aproveite para fazer as melhores fotos da viagem e bom passeio!