Novidades 1 minuto 31 Março 2022

Da mesa à mudança

De olho no que acontece com nosso planeta e cientes do seu papel como agente transformador, três restaurantes adotam ações sustentáveis e propõem novos usos para alimentos e embalagens que seriam descartados, mostrando que a gestão ambiental é vital para perenidade não apenas do negócio mas de toda a humanidade.

“Quem mora perto da praia vê todo o lixo. O descarte não fica escondido”, afirma Lara Atamian, esposa do chef Nello Garaventa e co-proprietária do restaurante Grado, no Rio.

Encarar diariamente sacolas plásticas, garrafas e resíduos por toda a orla carioca levou Lara a criar um hábito quase automático: sair recolhendo plástico. Foi essa postura consciente que carregou para dentro do Grado, aberto em 2017.

Lara e Nello apostam numa restauração mais amiga do meio ambiente, com ações pontuais e certeiras na redução do lixo e da poluição.

Desde o começo, o casal não queria trabalhar com garrafas de plástico. Assim, determinou garrafas de vidro para o serviço de água. “A gente já vivia a vida assim. Não somos monges budistas, mas onde pudermos evitar, vamos evitar.”

Outra determinação: quanto mais durável e versátil o produto, mais tempo de uso teria. “Preferimos investir em itens que não se usam rapidamente e vão direto para o lixo”, comenta ela. Foi assim que Lara passou alguns meses investigando melhor as embalagens a serem usadas no delivery.

Depois de muita pesquisa, fechou parceria com uma empresa de São Paulo. O plástico da tampa é feito de fibras vegetais, e a embalagem, de bagaço de cana, ambos biodegradáveis.

A atenção chegou ao nível do detalhe: a logomarca do Grado é carimbada numa sacola de papel kraft. “Para alguns clientes, dependendo do pedido, a gente manda o alimento em um plástico mais resistente, próprio para ser reutilizado.”

Além disso, o óleo e a gordura descartados são doados para uma instituição que fabrica produtos de limpeza – “não precisamos fazer nada, eles mesmos vêm retirar”. Uma empresa faz a coleta das garrafas de vinho, também reaproveitadas.

Burrata de búfala artesanal com tomates-cereja, azeitonas e pinoli, do Grado. Foto: Divulgação


Bom para ambas as partes
No Tordesilhas, Bib Gourmand de São Paulo de comida brasileira tocado pela chef Mara Salles, a cultura do reaproveitamento é antiga. O restaurante fornece vidros, latas, papelão e plástico a uma cooperativa de reciclagem que recolhe semanalmente esses materiais.

Restaurante longevo, com quase 25 anos de existência, o Vicolo Nostro, em São Paulo, fechou parceria com uma empresa de reciclagem logo após o início da pandemia. O restaurante, que tem Cristiano Panizza à frente da cozinha, acabou instalando máquinas trituradoras de vidro, além de amassadores de latas de alumínio. Fechou ainda contratos para a retirada desses materiais processados e de plástico, papéis e papelão e óleo para serem reaproveitados.

À guisa de comparação, em apenas uma quinzena, chegou a triturar mais de 250 kg de vidro – garrafas, copos quebrados, embalagens de alimentos – e entregou para reciclagem mais de 500 kg de papelão. Para eles, o descarte consciente resolve um problema de espaço, além de contribuir para a cadeia produtiva e gerar mais empregos de valor.

Que venham mais iniciativas assim!

*Foto da Capa: Gnocchi dourado na lenha com burrata e tomates grelhados, do Grado. Foto: Divulgação

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