O Rio de Janeiro é a cidade das praias em meio à paisagem urbana, dos morros e da natureza que sempre se impõe no horizonte, com uma população descontraída que desfruta do entorno da melhor maneira possível. Em paralelo, nos últimos anos, a capital fluminense tem se consolidado, cada vez mais, como um epicentro gastronômico, com a constante abertura de restaurantes inovadores, que recebem cariocas e turistas ávidos por boa comida e experiências memoráveis.
A cidade dos botecos é também a dos conceitos sofisticados, de uma cozinha criativa, de ingredientes de classe internacional, servidos em receitas marcantes. Em um cenário informal, em que se moldou uma nova forma de hospitalidade à carioca, chefs talentosos exaltam os produtos vindos dos arredores do estado fluminense e de diversas outras partes do mundo. O sotaque carioca da cozinha tem um quê de nipônico, um toque italiano, arranha o francês — mas é, acima de tudo, muito brasileiro em sua essência.
Atualmente, dois restaurantes do Rio ostentam duas Estrelas MICHELIN — Lasai e Oro —, e outros cinco exibem uma: Mee, Oteque, San Omakase, Casa 201 e Oseille — estes dois últimos reconhecidos neste ano. Um sinal claro de que a gastronomia da cidade tem prosperado e se diversificado.
Abaixo, conheça mais sobre todos os sete restaurantes com Estrela MICHELIN na Cidade Maravilhosa. Mais um motivo — se é que ainda faltava algum — para visitar o Rio de Janeiro.

Como saber quais são os restaurantes com Estrela?
Abaixo, você pode conferir a lista completa dos restaurantes com Estrela MICHELIN no Rio de Janeiro, organizados por categoria e em ordem alfabética. Basta clicar no nome de cada um para acessar sua página no Guia MICHELIN e obter mais informações.Se quiser conhecer todos os estabelecimentos com Estrela MICHELIN no Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo), o link está aqui.
Os destaques no cenário das Estrelas MICHELIN do Rio de Janeiro

Uma busca pela raiz brasileira — e carioca
Os dois únicos restaurantes com duas Estrelas MICHELIN na cidade são muito diferentes em quase tudo, mas se aproximam na busca de uma cozinha de caráter brasileiro, com foco em produtos locais. Tanto o Oro quanto o Lasai reafirmam suas raízes por meio de propostas autorais que unem técnica refinada, criatividade e profundo respeito aos ingredientes utilizados.
No Oro, o premiado chef Felipe Bronze, em sintonia com a sommelier Cecilia Aldaz, cria uma experiência gastronômica de vanguarda com forte identidade nacional. Seus menus Afetividade e Criatividade homenageiam diferentes regiões do Brasil, com entradas surpreendentes — como a Ostra coberta com granizado de goiaba e pimenta biquinho — e petiscos para comer com as mãos, que misturam texturas brasileiras e inspirações internacionais. São recriações de pratos que evocam memórias afetivas, com sabores que nos são familiares. O fogo também é um elemento central nesta cozinha, visível no balcão que acomoda quatro pessoas e permite observar de perto o movimento coreografado da equipe.
Já o Lasai, comandado pelo chef Rafa Costa e Silva, oferece um menu degustação surpresa em que os vegetais assumem um papel de destaque absoluto, apresentados em distintos formatos e texturas sobre um elegante balcão para 10 pessoas, envolto por uma atmosfera intimista. Cultivados nas hortas do próprio chef — no Itanhangá, Zona Oeste da cidade, e no Vale das Videiras, na Região Serrana do estado — ou adquiridas de agricultores do Rio, esses ingredientes refletem a preocupação com a sazonalidade, o compromisso com o meio ambiente e a valorização do pequeno produtor brasileiro. A experiência se enriquece ainda mais com as constantes interações entre a equipe e os clientes, em um clima próximo e acolhedor — marca registrada da hospitalidade carioca.

Com uma Estrela MICHELIN, o Oteque também apresenta uma cozinha brasileira moderna, com pratos que celebram tanto a rica variedade de matérias-primas locais, como peixes e castanhas, quanto produtos de classe mundial, como o onipresente caviar. Aqui, o chef Alberto Landgraf constrói um menu único que muda a cada estação, com algumas opções substituídas diariamente, conforme os melhores ingredientes frescos disponíveis. Uma cozinha que valoriza a simplicidade e a naturalidade com sofisticação.
Landgraf, conhecido por seu olhar minucioso, ajudou a desenhar pessoalmente o elegante espaço de arquitetura minimalista do restaurante, com pé-direito altíssimo e um ar industrial que combina paredes de tijolos vermelhos desgastados e detalhes de vanguarda. No salão principal, seis grandes mesas redondas recebem os clientes, além de uma especial, alongada, para no máximo cinco pessoas, localizada em frente à cozinha aberta — o que permite observar de perto cada etapa da preparação dos pratos.

Elegância oriental carioca
O Rio também revela fortes influências orientais à mesa: é um caso de amor entre a atmosfera despretensiosa de uma cidade litorânea e o sushi servido a qualquer hora, com peixes locais cada vez melhores. Aos poucos, os tradicionais restaurantes centrados em “combinados” japoneses deram lugar a projetos mais ambiciosos e fiéis à tradição nipônica.No San Omakase, por exemplo — assim como em Tóquio, onde estabelecimentos de altíssima qualidade surgem em locais inesperados —, um elegante balcão com apenas oito lugares ocupa um pequeno espaço de um shopping center no coração do Leblon. O chef André Nobuyuki Kawai, que viveu por décadas no Japão e fundou a Nagoya Sushi School, presta aqui uma homenagem minuciosa à culinária e à cultura nipônicas, oferecendo um menu Omakase em que a hospitalidade começa com uma taça de saquê de boas-vindas e se estende até o último detalhe. Diante dos clientes, Kawai prepara uma variedade de nigiris com cortes precisos e peixes de qualidade excepcional, além de sashimis, tamago e chawanmushi — sempre acompanhados de informações que revelam não apenas as técnicas, mas também os conceitos e tradições que embasam sua cozinha, em um espaço intimista e acolhedor.
Por outro lado, no Copacabana Palace, A Belmond Hotel, o Mee apresenta uma cozinha pan-asiática elegante, que combina modernidade e distinção, percorrendo sabores da Tailândia, Malásia, Camboja, Singapura e, sobretudo, Japão. Sob comando do chef Alberto Morisawa, paulistano com raízes em Madara Shima, em Nagasaki, o restaurante evidencia sua forte influência nipônica. Isso se revela tanto na experiência Omakase — termo japonês que significa “deixo nas suas mãos”, em que o chef escolhe e prepara os pratos conforme a sazonalidade e criatividade do dia —, quanto nos dois menus degustação — um deles vegano — e no à la carte. Destaque para os nigiris, temakis, sashimis, dumplings e pratos quentes, que vão do churrasco coreano ao Wagyu com palmito, shiitake, shimeji, aspargos e eryngui. A experiência se completa com uma excelente carta de coquetéis, saquês e vinhos, além de harmonizações com Champagne.

Influências internacionais
Para além do Japão, o Rio é uma cidade aberta ao mundo — não só pelos turistas de todas as partes que chegam aqui, mas também por sua vertente cosmopolita, construída por diferentes ondas migratórias e influências culturais. Da cozinha francesa à italiana, a gastronomia europeia marca presença na capital fluminense em projetos que unem tradição, sofisticação e identidade local.No ambiente intimista e elegante do Casa 201, restaurante próximo ao Jardim Botânico originalmente projetado para ser uma galeria de arte, o chef carioca João Paulo Frankenfeld apresenta um menu degustação que combina técnicas francesas impecáveis a ingredientes brasileiros. Pratos autorais — como o peixe com mousseline de abóbora, consomé de missô da casa e óleo de pimenta dedo-de-moça — saem da cozinha aberta de ladrilhos verdes e revelam cada etapa do trabalho minucioso do chef. Enquanto isso, o maître-sommelier sugere harmonizações que tornam a experiência, composta por nove etapas e atualizada a cada estação, ainda mais memorável.
Também com base sólida na cozinha francesa, o Oseille surgiu como um projeto pessoal do chef Thomas Troisgros, terceira geração de uma renomada dinastia culinária francesa. Localizado no andar superior do bistrô Toto, no centro vibrante de Ipanema, o restaurante ocupa um espaço minimalista com um balcão para apenas 16 pessoas, onde o cozinheiro serve menus degustação de 5 ou 7 etapas, que mudam semanalmente. Inspirado pela bistronomia parisiense, Troisgros incorpora ingredientes locais e sazonais para criar pratos com um forte sotaque brasileiro, toques da sua herança francesa e influências asiáticas. A hospitalidade acolhedora faz com que os clientes se sintam em casa — podendo até escolher a trilha sonora da noite.

Todos os restaurantes com Estrela MICHELIN do Rio de Janeiro
7 restaurantes

Duas Estrelas MICHELIN
Lasai
Oro
Uma Estrela MICHELIN
5 restaurantes
Casa 201
Mee
Oseille
Oteque
San Omakase
Foto de capa: Proposta do Oro, um restaurante que presta homenagem às diferentes regiões do Brasil. © Tomás Rangel/Oro
