A cena se passa em Corfu, na Grécia. Todo ano, o pequeno Philip Chronopoulos passava lá as férias de verão. “Todos os dias, o meu avô fazia-me ovos com tomate, queijo feta e batata, bem grossos, bem grelhados. Colocava numa frigideira a compota de tomate, acrescentava dois ovos e queijo feta: era tão simples e era sublime. O meu avô era um homem que gostava de agradar”. A receita amplificada pela memória pode agora ser degustada no Restaurant du Palais Royal, em Paris, com o nome "o ovo da minha infância": um ravióli tufado frito, purê de tomate marinado em mel, especiarias Cajun e a gema mole, como uma porta entreaberta para as primeiras memórias de Philip na terra de Homero, Calypso e oliveiras centenárias.
Chef Philip Chronopoulos em frente ao restaurante Palais Royal / EVOK
Philip Chronopoulos nasceu em 28 de março de 1986, em Atenas, e chegou à França em 2004. Depois de concluir com sucesso seu treinamento na escola Paul Bocuse, em Lyon, voou para Londres, onde participou da inauguração do Atelier Robuchon, em 2006. No ano seguinte, Paris, sua cidade do coração, o chamou de volta e ele se juntou à equipe de Alain Passard no L'Arpège. Foi uma revelação: “Descobri aí uma cozinha de autor ousada onde o produto prevalece: o gesto do Chef vem depois”. Com este ensinamento passou a comandar o Restaurant du Palais Royal, à frente de uma jovem e dinâmica brigada, onde desenvolve as raízes mediterrânicas de uma cozinha altamente técnica. Se, de acordo com algumas mitologias, o universo nasceu de um ovo, a culinária de Philip Chronopoulos nasceu também. E isso não é um mito.
Escrito por Gautier Battistella