Você já ouviu falar em PANCs? Para quem não sabe, o termo é uma abreviação para Plantas Alimentícias Não Convencionais. Ou seja, espécies vegetais comestíveis, mas que não costumam fazer parte da nossa alimentação cotidiana. Algumas até chegaram a ter importância no passado, mas, aos poucos, foram substituídas por variedades de maior interesse produtivo e comercial, e acabaram sendo esquecidas pela maior parte da população.
Várias PANCs têm desenvolvimento espontâneo, ou seja, nascem em jardins, hortas e terrenos vazios sem necessidade de cultivo. Por isso, muitas vezes são confundidas com mato ou ervas daninhas. Assim, acabam sendo simplesmente descartadas e dificilmente chegam às prateleiras dos mercados. Já algumas outras espécies de PANCs, apesar de resistentes, precisam de algum cultivo.
Mas, para além da facilidade de cultivo e fácil acesso a elas, muitas dessas PANCs possuem um alto valor nutricional, oferecendo minerais, fibras, antioxidantes e proteínas. Conhecer essas plantas pode diversificar e enriquecer nossa alimentação e, também, trazer novas possibilidade de sabores e nutrientes para o cardápio do dia a dia. Vamos aprender mais sobre essas espécies?
A ora-pro-nóbis quase que nem pode ser considerada uma PANC em Minas Gerais. Essa planta, que cresce em cercas e muros, tem até um festival gastronômico dedicado a ela desde 1997 em Sabará, região metropolitana de Belo Horizonte. Com alto valor proteico, já ganhou até o apelidos de “carne verde”. Suas folhas verdes lisas e escuras podem ser consumidas em saladas e sucos verdes, refogadas ou adicionadas em sopas, omeletes e tortas, além de compor receitas tradicionais mineiras como frango caipira e costelinha de porco.
Folhas da ora-pro-nóbis são usadas no preparo do frango caipira e costelinha de porco em Minas Gerais
A taioba é outra PANC bastante conhecida em Minas Gerais e estados como a Bahia e Espírito Santo e já foi muito comum na alimentação do brasileiro no período colonial. Existem duas espécies, a comestível é a taioba-mansa, que não pode ser consumida crua. Suas folhas grandes, de talos carnudos e verdes, dão um excelente refogado e são indicadas para preparações como caldos, farofas, bolinhos e risotos.
A taioba-mansa é própria para o consumo, mas deve ser cozida
A peixinho também vem ganhando popularidade na alimentação. Chamada de peixinho-da-horta, lambarizinho, lambari-de-folha, entre outros nomes, tem folhas de formato alongado, polpudas e aveludadas. Empanadas e fritas apresentam sabor e textura semelhantes aos de peixe. Mas podem ser preparadas de outras formas, como à parmegiana e em lasanhas, substituindo a massa.
Quando empanada e frita, peixinho lembra sabor e textura de peixes
A bertalha, também conhecida por espinafre tropical ou espinafre indiano, lembra, claro, o espinafre. É uma planta trepadeira originária do sul da Ásia, que é mais trivial no Rio de Janeiro. Suas folhas grossas de formato ovalado e talos tenros podem ser consumidos em saladas e vão bem com omeletes, ensopados e no recheio de pastéis e quiches.
Da mesma família da alface, a serralha ou “alface do mato” tem sabor amargo, que remete ao almeirão. É encontrada em todo o Brasil, sendo comum em lavouras e pastagens. Suas folhas alongadas e recortadas podem ser consumidas em saladas, no preparo de pestos e, também, em cozidos, recheios para massas, ou acompanhando polenta e arroz.
Na fase inicial do crescimento, a serralha pode confundida com o dente-de-leão, que também é uma PANC. Sim, aquela planta com flor amarela que vira uma espécie de pompom que as crianças adoram soprar é uma espécie comestível e bastante versátil. Com sabor mais amargo, é possível usá-la em saladas, sucos ou refogado em pratos diversos.
A azedinha, ou erva-vinagreira, tem esse nome por causa do seu sabor ácido e, apesar de ser reconhecida como PANC, é usada há muito tempo na alimentação. As folhas compridas e lisas vão bem cruas ou cozidas. Elas são boas para preparar vinagretes e temperar saladas. O purê feito de azedinha é popular na França e acompanha peixes e cozidos.
Já a capuchinha é uma planta totalmente comestível, das sementes aos talos e flores. Suas folhas arredondadas têm sabor levemente picante, que lembram o do agrião ou da rúcula e podem ser preparadas em saladas cruas.
Capuchinha é uma planta totalmente comestível
Além dessas, beldroega, capiçoba, caruru, jacatupé, trapoeraba e tantas outras PANCs são encontradas Brasil afora. E a lista não para por aqui... Que tal ampliar seus horizontes gastronômicos e incluir essas espécies na sua alimentação?
* Foto de capa: Conhecida por sua flor que vira uma espécie de pompom, dente-de-leão é uma PANC