Perfis 2 minutos 26 Agosto 2019

Cozinha dos sonhos

Chefs de restaurantes indicados pelo Guia MICHELIN contam com quem sonham em dividir a cozinha

Muito mais do que disputar a boca do fogão ou um espaço no forno, dividir a cozinha permite compartilhar experiências, histórias, receitas e truques culinários valiosos. Como se existisse um gênio da chaleira mágica que realizasse apenas desejos gastronômicos, perguntamos a quatro chefs com quem eles gostariam de cozinhar, onde e o quê. Confira as respostas a seguir.

Bistrot de Paris_Alain Poletto_Rafael Duarte02.jpg

Alain Poletto, do Bistrot de Paris

Sonha em cozinhar com: Atílio Poletto

Não que o chef Alain Poletto nunca tenha cozinhado com seu pai, Atílio. Pelo contrário, para ficar longe da vista da clientela, ele cresceu ao lado do pai dentro da cozinha do bistrô familiar na França, enquanto a mãe se encarregava do serviço no salão. “Meu pai mantinha uma mão na frigideira e outra na mamadeira”, relembra. Ao passo que Alain crescia, o patriarca tratava de ensinar o ofício ao filho, “ele sempre fez questão que eu seguisse seus passos”. E assim foi. Hoje, à frente do Bib Gourmand Bistrot de Paris, em São Paulo, Alain adoraria poder cozinhar novamente com o pai, já falecido, desta vez na cozinha do próprio restaurante. “Queria poder mostrar pra ele tudo o que conquistei. Ele que lutou tanto por isso”, conta. “Cozinharíamos um navarin d’agneau, que foi o primeiro prato que servi no bistrô da família, lá na França.”  (Foto: Rafael Duarte)

bennycut2.jpg

Benny Novak, do Ici Bistrô

Sonha em cozinhar com: Raymond Blanc

Benny Novak formou-se cozinheiro na Inglaterra - e de lá, além do diploma e da experiência, trouxe na bagagem boa parte de suas inspirações. Tanto que sonha em cozinhar com Raymond Blanc, chef francês erradicado em Londres, “por ele ser um dos precursores da alta gastronomia no Reino Unido, por investir na culinária francesa clássica e por seu rigor no emprego da técnica”, conta. Para o sonho ficar ainda melhor, cozinhariam no Le Manoir aux Quat’Saisons, duas estrelas MICHELIN, instalado no luxuoso hotel Belmond, em Londres, “mas, na real, valeria em qualquer um dos restaurantes dele”, pondera. O prato? O famoso pied cochon, pé de porco, do também francês Pierre Koffmann, chef do La Tante Claire, extinto restaurante londrino três estrelas MICHELIN. (Foto: Bruno Geraldi)

maní_retratos_helena rizzo6_cut.jpg

Helena Rizzo, do Maní

Sonha em cozinhar com: Marie-Antoine Carême (1784-1833)

Se fossem contemporâneos - ou se houvesse uma máquina do tempo -, a chef Helena Rizzo, do estrelado Maní, gostaria de cozinhar com Marie-Antoine Carême, conhecido como o cozinheiro dos reis do século 18. “Era incrível o que ele era capaz de fazer, especialmente na confeitaria, com os poucos recursos que tinha na época. Seus bolos e doces eram obras quase arquitetônicas - e o curioso é que muitas de suas criações eram mesmo inspiradas em livros de arquitetura histórica, tema que ele adorava”, divaga Helena. “Cozinharíamos no Viaduto do Chá, em São Paulo [risos]. Um lugar grandioso e monumental, como eram os bolos do Carême. Faríamos um banquetaço aberto ao público, com pratos gigantes, volumétricos, meio barrocos e cheios de rococó, usando apenas ingredientes brasileiros e orgânicos de pequenos produtores”, arremata. (Foto: Roberto Seba)  

manu.jpg

Manuelle Ferraz, do A Baianeira

Sonha em cozinhar com: Adeline Grattard

“Na verdade, tem três mulheres que me inspiram muito, Roberta Sudbrack, Nancy Silverton e Adeline Grattard. Cozinhar com elas é um sonho que me empodera”, conta Manuelle Ferraz, chef do Bib Gourmand A Baianeira. Enquanto Roberta, hoje à frente do carioca Sud, O Pássaro Verde (O Prato MICHELIN), é uma das mais reconhecidas chefs brasileiras - que chefiou por sete anos a cozinha do Palácio da Alvorada (no mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso) -, Nancy fez fama nos Estados Unidos com seus pães sourdough (de fermentação natural) e Adeline ostenta sua estrela MICHELIN à frente do Yam’Tcha, em Paris, onde investe numa cozinha de produto, com toques asiáticos e pratos harmonizados com chás chineses. “Elas são minhas referências e até meu respiro, por se dedicarem às suas verdades, ao que é real e essencial, e não ao que os outros esperam.” O que cozinhariam? “A mais simples cozinha popular brasileira.” (Foto: Wesley Diego Emes)

Perfis

Continue a explorar - Histórias que pensamos que irá gostar de ler