Novidades 2 minutos 11 Agosto 2022

Barra Funda: samba, cultura e boa comida

Bairro de raiz industrial e considerado o “berço do samba” paulista, a Barra Funda se modernizou e virou destino para quem procura arte, cultura e boa gastronomia.

Tradicional bairro de São Paulo, a Barra Funda vem ganhando novos contornos. Os antigos galpões deram espaço a bares, restaurantes e galerias de arte. Não à toa, se tornou o bairro queridinho de gente jovem, artistas que montaram por lá seus ateliês, e amantes da boa gastronomia. Mas você conhece a história desse bairro operário da zona oeste de São Paulo que é considerado um dos “berços do samba” paulista?

Ela está diretamente ligada ao desenvolvimento ferroviário no país. Foi com a inauguração da estação da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1875, e anos depois, com a estação Barra Funda da São Paulo Railway, que começaram a surgir na região armazéns e depósitos, despertando o interesse de trabalhadores e moradores – imigrantes italianos e negros recém-libertos da escravidão. Cortado pelas linhas de trem, e desde o final dos anos 1980, também do metrô, o bairro cresceu e desenvolveu sua vocação industrial.

Mas, já antes disso, veio a vocação cultural. O Largo da Banana era ponto de encontro de trabalhadores, que se reuniam após o expediente em rodas de samba. Foi ali que surgiu em 1914 o Grupo Carnavalesco Barra Funda, primeiro cordão da cidade, que saiu às ruas por cerca de trinta anos no Carnaval. Tentando reorganizar o grupo, Inocêncio Tobias criou em 1953 a Mocidade Camisa Verde e Branco, que se tornaria uma das escolas mais premiadas do samba paulista. Além dos ensaios para o Carnaval, a quadra recebe festas e eventos durante todo o ano e também é sede do Cursinho do Trevo, que prepara jovens de baixa renda para o vestibular.

No antigo Largo da Banana foi aberto em 1989 o Memorial da América Latina. O complexo cultural projetado por Oscar Niemeyer abriga diversos espaços, como o Auditório Simón Bolívar, a Biblioteca Latino-Americana e o Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro. Eles são interligados por uma passarela e pela Praça Cívica, que recebe eventos ao ar livre e onde está instalada a “Grande Mão”, escultura de Niemeyer que se tornou símbolo de São Paulo. Muitas outras obras de arte fazem parte do acervo permanente, que inclui artistas como Carybé, Cândido Portinari, Franz Weissmann e Tomie Ohtake, e exposições temporárias integram a programação.

Logo ao lado fica o Museu da Inclusão, instituição de 2009 que se dedica à luta e às conquistas do movimento social das pessoas com deficiência. Com a maior coleção de documentos e dados sobre deficiências do país, tem uma mostra permanente e uma programação que dá visibilidade às pessoas com deficiência.

Memorial da América Latina foi projetado por Niemeyer e tem obra que é um dos símbolos de São Paulo

O escritor Mario de Andrade viveu na Barra Funda e sua residência foi transformada em um museu que integra a Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo. Desde 2015, o público pode conferir a exposição “A Morada do Coração Perdido”, com objetos pessoais do célebre morador, móveis originais, textos, fotos e vídeos, além de mostras de curta duração e atividades culturais. A Casa Mario de Andrade será ampliada e restaurada e obras começam ainda em 2022. 

No bairro, está ainda o Theatro São Pedro, um dos mais tradicionais da cidade. Inaugurado em 1917 para receber operetas, espetáculos de teatro, música e projeções de cinema, o espaço viveu altos e baixos. Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo, foi reinaugurado no final dos anos 1990 e hoje tem a ópera como destaque na programação.

Residência de Mario de Andrade virou museu e passará por ampliação e restauro começando neste ano

A cerca de 1km do teatro, há duas boas opções de restaurantes. Nascido em uma garagem, onde Manuelle Ferraz vendia o pão de queijo que aprendeu a fazer com a avó, A Baianeira é um restaurante de comida brasileira afetiva. Misturando suas influências mineira e baiana, a chef apresenta pratos simples, bem-feitos e cheios de sabor. Já o Komah é uma casa de cozinha coreana com inspirações globais. O chef Paulo Shin passeia entre o tradicional e o moderno, propondo uma verdadeira experiência ao paladar a quem opta por seu menu-degustação.
 
A Baianeira serve comida brasileira afetiva na Barra Funda

Coreano Komah une tradicional ao moderno e é um convite para experiência gastronômica

Já nos limites do bairro, o peruano Ama.zo vale muito a visita. Instalado em um arborizado jardim de um antigo palacete, tem cardápio assinado pelo chef Enrique Paredes. Além do típico ceviche, é possível apreciar pratos da potente e saborosa gastronomia peruana, reinterpretada com o uso de produtos locais.

Prontos para explorar as atrações da “nova” Barra Funda?

Peruano Ama.zo fica nas redondezas da Barra Funda

*Foto de capa: Theatro São Pedro é um dos mais antigos da cidade e destaca a ópera na programação

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