Tradicional bairro de São Paulo, a Barra Funda vem ganhando novos contornos. Os antigos galpões deram espaço a bares, restaurantes e galerias de arte. Não à toa, se tornou o bairro queridinho de gente jovem, artistas que montaram por lá seus ateliês, e amantes da boa gastronomia. Mas você conhece a história desse bairro operário da zona oeste de São Paulo que é considerado um dos “berços do samba” paulista?
Ela está diretamente ligada ao desenvolvimento ferroviário no país. Foi com a inauguração da estação da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1875, e anos depois, com a estação Barra Funda da São Paulo Railway, que começaram a surgir na região armazéns e depósitos, despertando o interesse de trabalhadores e moradores – imigrantes italianos e negros recém-libertos da escravidão. Cortado pelas linhas de trem, e desde o final dos anos 1980, também do metrô, o bairro cresceu e desenvolveu sua vocação industrial.
Mas, já antes disso, veio a vocação cultural. O Largo da Banana era ponto de encontro de trabalhadores, que se reuniam após o expediente em rodas de samba. Foi ali que surgiu em 1914 o Grupo Carnavalesco Barra Funda, primeiro cordão da cidade, que saiu às ruas por cerca de trinta anos no Carnaval. Tentando reorganizar o grupo, Inocêncio Tobias criou em 1953 a Mocidade Camisa Verde e Branco, que se tornaria uma das escolas mais premiadas do samba paulista. Além dos ensaios para o Carnaval, a quadra recebe festas e eventos durante todo o ano e também é sede do Cursinho do Trevo, que prepara jovens de baixa renda para o vestibular.
No antigo Largo da Banana foi aberto em 1989 o Memorial da América Latina. O complexo cultural projetado por Oscar Niemeyer abriga diversos espaços, como o Auditório Simón Bolívar, a Biblioteca Latino-Americana e o Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro. Eles são interligados por uma passarela e pela Praça Cívica, que recebe eventos ao ar livre e onde está instalada a “Grande Mão”, escultura de Niemeyer que se tornou símbolo de São Paulo. Muitas outras obras de arte fazem parte do acervo permanente, que inclui artistas como Carybé, Cândido Portinari, Franz Weissmann e Tomie Ohtake, e exposições temporárias integram a programação.
Logo ao lado fica o Museu da Inclusão, instituição de 2009 que se dedica à luta e às conquistas do movimento social das pessoas com deficiência. Com a maior coleção de documentos e dados sobre deficiências do país, tem uma mostra permanente e uma programação que dá visibilidade às pessoas com deficiência.
Memorial da América Latina foi projetado por Niemeyer e tem obra que é um dos símbolos de São Paulo