Novidades 1 minuto 10 Outubro 2023

Baião de dois: muito mais do que feijão e arroz

O baião de dois nasceu no sertão do Ceará, numa época e região em que a comida era escassa e não podia ser desperdiçada. O prato robusto, que parte do casamento do feijão de corda com arroz e pode levar diversos outros ingredientes, é um dos mais populares e apreciados do Nordeste.

O baião é um ritmo musical típico do Nordeste brasileiro, que ganhou fama com Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”. Tocada com instrumentos como a sanfona, o triângulo e a zabumba, sua música é um convite para se dançar juntinho, sempre aos pares. E foi daí que surgiu o nome de um dos pratos mais amados da culinária nordestina: o baião de dois. O cantor eternizou sua receita com a canção “Baião de Dois” (1950), nos versos: “vô juntá feijão de corda numa panela de arroz (...) se o baião é bom sozinho que dirá baião de dois”.

Luiz Gonzaga popularizou a receita do baião de dois em música de 1950

O prato teve origem no sertão cearense, em data incerta, mas a primeira menção ao baião de dois consta em um livro do folclorista Gustavo Barroso, lançado no ano de 1940. Era uma época de muita escassez e de seca na região, então nada podia ser desperdiçado. Como o arroz era cozido no próprio caldo do feijão, seu preparo era uma forma de economizar a pouca água disponível.

Acredita-se que o prato tenha sido criado para dar sustento aos trabalhadores rurais, que enfrentavam o sol forte do sertão dia após dia. Por isso, além do feijão de corda e do arroz, eram adicionados à receita os ingredientes mais acessíveis, como a carne de sol ou carne seca.

Receita ganhou diversos ingredientes, como o bacon

E desta forma, o baião que era dois foi se tornando de três, quatro, cinco ingredientes, e não parou por aí! Ao longo dos anos, a receita se popularizou pelos quatro cantos do Brasil - e até do exterior! - ganhando diferentes componentes e complementos, a depender da região, mas mantendo sempre a tradição nordestina.

No lugar do feijão de corda pode entrar o fradinho ou o feijão verde. A carne seca ou de sol podem ter a companhia de paio, linguiça calabresa e bacon. Agora, o queijo tem que ser do tipo coalho. Hoje já encontrado em todo o Brasil, esse queijo típico do Nordeste tem a capacidade de manter sua firmeza, mesmo depois de grelhado ou assado, criando uma casquinha dourada e crocante.

Feijão de corda pode também ser substituído por feijão verde ou fradinho

E o segredo da receita está sempre no tempero. Então, vai aqui um segredinho: cebola e alho refogados na manteiga de garrafa, que pode também ser utilizada para fritar as carnes.

Tem quem coloque pimentão e tomate, já o coentro não pode faltar! Ou não poderia... sabemos que muita gente torce o nariz para o pobre do coentro. Se for o seu caso, vá de cheiro verde. E claro, não esqueça de acertar o sal e caprichar na pimentinha. Além da pimenta-do-reino, vale adicionar uma pimenta de cheiro, biquinho ou outra do seu gosto.

Coentro não pode faltar - a não ser que você não goste

Para dar mais cremosidade a esse prato robusto, é comum utilizar nata na sua finalização. Mais completo impossível, não é?

Calma lá! Porque na cozinha nordestina ainda tem espaço para mais. A mandioca – ou macaxeira, como é chamada no Nordeste – pode aparecer frita ou cozida escoltando o prato principal.

Cheio de sabor e de história, não é à toa que o baião de dois ganhou o coração e paladar de muitos brasileiros.

*Foto de capa: Nascido no sertão cearense, o baião de dois conquistou os brasileiros

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