Viagem 4 minutos 10 Março 2025

Rio de Janeiro: um roteiro gastronômico pelo chef Rafa Costa e Silva

À frente do Lasai, o mais recente restaurante carioca a receber duas Estrelas MICHELIN, o chef sugere os melhores endereços para se deliciar na Cidade Maravilhosa.

Pode-se dizer que o chef Rafa Costa e Silva está no melhor momento da sua prolífica carreira na cozinha. Após viver 10 anos fora do Brasil, onde teve a chance de estudar e depois trabalhar ao lado de grandes nomes da gastronomia internacional, como o basco Andoni Luis Aduriz, do Mugaritz, ele regressou ao Rio de Janeiro, sua cidade natal, para abrir o Lasai, seu primeiro projeto próprio no mundo da restauração.

Na última edição do Guia MICHELIN, o restaurante foi reconhecido com duas Estrelas, MICHELIN, tornando-se o terceiro da capital carioca a alcançar essa distinção — depois do Oro, de Felipe Bronze, e do Oteque, comandado pelo chef Alberto Landgraf. “Acredito que seja o resultado de um trabalho que temos desenvolvido ao largo dos anos, com paciência e dedicação”, diz o chef.

O chef Rafa Costa e Silva, atrás do balcão do Lasai © Lasai
O chef Rafa Costa e Silva, atrás do balcão do Lasai © Lasai

Desde que abriu as portas, em 2014, o Lasai se tornou uma referência na Cidade Maravilhosa, principalmente pelo foco em ingredientes locais, deixando de lado produtos mais globais, como trufas ou caviar. Oito anos depois, Rafa inovou mais uma vez ao transferir o restaurante para uma casa menor, a poucos metros do endereço original, ainda no bairro de Botafogo. De 45 lugares, passou a servir apenas dez clientes por serviço, oferecendo uma experiência mais exclusiva.

Uma sala moderna e intimista, um balcão de mármore em formato de L e uma iluminação dramática substituíram o arejado sobrado colonial de antes. Os pratos — com destaque para os vegetais cultivados em duas fazendas próprias — seguem a mesma proposta minimalista do chef, onde poucos — e excelentes — ingredientes brilham em cada receita, muitas delas servidas como snacks para comer com as mãos. É alta gastronomia, mas sem formalidades excessivas, no melhor estilo carioca, como destaca Rafa.

O espaço atual do Lasai acomoda apenas 10 clientes por serviço © Evandro Manchini/Lasai
O espaço atual do Lasai acomoda apenas 10 clientes por serviço © Evandro Manchini/Lasai

Nova cozinha carioca

Para o chef, a culinária do Rio tem seguido uma tônica descontraída. “Temos restaurantes espetaculares, com um estilo mais informal, lugares onde você pode aproveitar e ir de bermuda e chinelo, que é algo que eu adoro no Rio de Janeiro”, diz. Ele afirma que a cidade vive um grande momento na gastronomia, com restaurantes de hotéis em destaque e uma nova geração de chefs que traz inovação e qualidade.

Esse crescimento se apoia em uma base sólida construída por pioneiros como Roland Villard e Roberta Sudbrack. “Apesar disso, o melhor está por vir, especialmente com esforços da prefeitura, que tem promovido iniciativas importantes ligadas à gastronomia e ao turismo, como a cerimônia do Guia MICHELIN em Copacabana no ano passado”, conclui.

A expectativa é que o cenário gastronômico do Rio continue a evoluir e a ganhar ainda mais relevância nos próximos anos. Até lá, o chef compartilha suas dicas de onde comer bem na cidade.

Muitos dos vegetais utilizados na cozinha do Lasai são cultivados em fazendas próprias © Kato/Lasai
Muitos dos vegetais utilizados na cozinha do Lasai são cultivados em fazendas próprias © Kato/Lasai

The Slow Bakery: o pão perfeito

Para Rafa Costa e Silva, a The Slow Bakery é simplesmente incomparável. “É a melhor padaria. Faz um dos melhores pães que já comi no mundo. Pão de fermentação natural, com farinha brasileira, e o Rafa [Brito Pereira, proprietário] está lá no dia a dia.”

O destaque vai para o pão sourdough, fermentado naturalmente e batizado de Rio Sourdough, que, segundo o chef, tem “uma crocância perfeita por fora e uma textura com uma elasticidade perfeita por dentro”. As duas lojas da marca são boas opções para provar ciabattas e baguetes recém-assadas, além de um menu de sanduíches, tartines — como a de queijo de cabra e tomates assados —, café e muito mais.

O chef destaca ainda que o café da manhã da The Slow Bakery “é absurdo, não tem igual!”, com opções como o queijo quente feito com o pão da casa, queijo meia-cura e manteiga artesanal.

Pão de forma integral da The Slow Bakery © Maria Carolina Castro
Pão de forma integral da The Slow Bakery © Maria Carolina Castro

Vero e Mil Frutas: sorvetes para se refrescar no calor carioca

A sorveteria Vero é uma referência no Rio que impressiona Rafa pela dedicação à autenticidade. “Eles fazem tudo artesanalmente, sem nenhum produto químico. É uma produção pequena e de altíssima qualidade.” Com sabores sazonais que refletem os ingredientes mais frescos do momento, a experiência na Vero é sempre uma surpresa. “Agora, por exemplo, está na temporada de lichia, mas daqui a pouco já tem outro sabor”, afirma.

Outra sorveteria imperdível para se refrescar nos dias quentes do Rio, segundo o chef, é a Mil Frutas, que prepara mais de 160 sabores diferentes. “É um clássico [com mais de 35 anos na cidade], com várias frutas típicas brasileiras, como taperebá e biribiri, além de muitas outras alternativas pouco comuns”, salienta.


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Sud, O Pássaro Verde e Oro: duas formas de aconchego

Entre os restaurantes que Rafa indica, dois ganham destaque por motivos distintos. O Sud, o Pássaro Verde, da chef Roberta Sudbrack, é descrito como um lugar que combina conforto e sabor no melhor dos sentidos, com suas panelas de cobre, forno de cobre e um clima acolhedor. “A Roberta faz uma comida deliciosa, com gostinho de lenha e de casa. Os cozidos dela são incríveis, e o suflê de couve-flor é uma das melhores coisas que já comi”, afirma o chef, frequentador assíduo do restaurante, localizado em uma casa aconchegante no Jardim Botânico.

O outro é o Oro, do chef Felipe Bronze, um marco do fine dining carioca. “Em termos de alta gastronomia, é, para mim, um dos melhores do Brasil. O Felipe tem uma cozinha espetacular e soube aprimorar um negócio que já tem muitos anos. Ele está nisso muito antes de todos nós e diria que está no seu melhor momento”, afirma.

No restaurante Oro, o chef Felipe Bronze une as raízes brasileiras à gastronomia de vanguarda © Tomás Rangel/Oro
No restaurante Oro, o chef Felipe Bronze une as raízes brasileiras à gastronomia de vanguarda © Tomás Rangel/Oro

Toto e Oseille: a dobradinha de Thomas Troisgros

Costa e Silva aponta o Toto, do chef Thomas Troisgros, como o melhor lugar para almoçar hoje no Rio. “Tem sempre comidas deliciosas, como o gyoza de costela assada. A proposta é espetacular e divertida, a cara do Thomas”, ressalta. Ele também menciona o Oseille, o estabelecimento mais fine dining do andar superior, também comandado por Troisgros, como uma das grandes novidades da gastronomia do Rio de Janeiro. “É o melhor novo restaurante da cidade”, afirma o chef. Com uma abordagem inovadora e descontraída, o Oseille combina técnica refinada de base francesa com pratos cheios de sabor e personalidade.

Filet Mignon au Poivre do restaurante Toto © Tomás Rangel/Toto
Filet Mignon au Poivre do restaurante Toto © Tomás Rangel/Toto

Lilia: criatividade e coragem no centro do Rio

O chef do Lasai também não poupa elogios ao Lilia, localizado no centro do Rio. “É um lugar original, fora do roteiro convencional, que começou pequeno e fez muito sucesso. A comida é muito boa, o menu é inteligente, e o esforço de manter algo deste nível de qualidade no centro é admirável”, diz ele. Com coragem, o chef Lucio Vieira investiu em uma zona que antes estava degradada na cidade, mas que agora passa por uma fase de valorização, com projetos culturais e novos estabelecimentos, atraindo os cariocas de volta a uma área de grande importância histórica.

Ostras, jabuticaba fermentada e alga marinha do Lilia © Rafael Mollica/Lilia
Ostras, jabuticaba fermentada e alga marinha do Lilia © Rafael Mollica/Lilia

Mapa dos lugares gastronômicos favoritos do chef Rafa Costa e Silva.


Foto de capa: Paisagem do Rio de Janeiro © rparobe/iStock

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