Desfrutar de uma refeição é um dos pontos altos de qualquer viagem a uma região vinícola, mas estes restaurantes situados em vinhas — de Portugal à Argentina — merecem que se planeiem férias inteiras em torno deles. Desde amplos terraços no sopé de algumas das vinhas mais prestigiadas do mundo até transformações sofisticadas de antigas abadias e caves abobadadas em tijolo, estes espaços garantem que a paisagem é tão espetacular quanto o vinho que irá saborear. Das vinhas ondulantes de Ribera del Duero, em Espanha, à região de Bordéus, repleta de castelos, aqui encontra algumas das opções gastronómicas mais inesquecíveis em hotéis e restaurantes aprovados pelo Guia MICHELIN em todo o mundo.
1. Para pores do sol espetaculares: Mesa de Lemos, Silgueiros, Portugal
Projetado para se integrar na paisagem granítica, com as rochas nativas a servir de parede ao restaurante, o Mesa de Lemos apresenta uma sala de refeições industrial-chic que se inunda de tons dourados ao pôr do sol. O espaço minimalista direciona toda a atenção para as vistas das vinhas, emolduradas por janelas do chão ao teto, e para a cozinha habilmente elaborada pelo chef Diogo Rocha. Aqui, os grandes protagonistas são os ingredientes de qualidade, como o peixe-galo vindo do Algarve, a dourada de Sesimbra e os produtos e o azeite produzidos na própria quinta.
Os pratos são harmonizados com vinhos elaborados a partir de castas autóctones do Dão da Quinta de Lemos, como o sedoso tinto tinta roriz e o branco encruzado, de perfil mineral.
2. Para um jantar de sonho sob as estrelas: Malhadinha Nova, Alentejo, Portugal
A extensa propriedade da Herdade de Malhadinha Nova abrange 1000 acres entre Lisboa e o Algarve, na região do Baixo Alentejo, que mudou a sua reputação de principal produtor de cortiça para líder em vinhos portugueses premium. Tudo aqui gira em torno do artesanato, desde as cadeiras e objetos de arte feitos à mão que decoram as villas e as suítes, rodeadas de vinhas, até à gastronomia da Malhadinha Nova, onde o chef Joachim Koerper tira o melhor proveito do terroir, combinando toques tradicionais com influências globais.
A vista do terraço, ladeado por oliveiras, é tão encantadora quanto o ambiente do restaurante, instalado numa casa antiga com janelas de vidro que emolduram as vinhas.
3. Para sabores frescos do jardim: Sattlerhof, Gamlitz, Áustria
No Sattlerhof, na região vinícola austríaca da Estíria — conhecida pela sua uva estrela, a sauvignon blanc — explore a propriedade vinícola familiar em passeios de bicicleta elétrica e trilhos pedestres através das vinhas bem cuidadas. Entre na adega abobadada e prove os vinhos que estão a envelhecer nos barris antes de se sentar no restaurante gastronómico, onde poderá provar rótulos da propriedade ou escolher entre 650 garrafas de todo o mundo. O menu de degustação Blossoms and Buds gira em torno do que está a crescer no jardim, então prepare-se para muitos pratos com ervas frescas e flores, como Espargos brancos com dente-de-leão e aipo ou Codorniz com raiz de salsa.
Quando chegar a hora de descansar, não terá de ir longe: o Sattlerhof dispõe de quartos country-chic instalados na casa senhorial, com vistas deslumbrantes sobre as vinhas.
4. Para um refúgio escondido no jardim: The Restaurant at JUSTIN, Paso Robles, Califórnia
Conhecida pelos seus tintos encorpados ao estilo de Bordéus, a adega JUSTIN oferece duas maneiras de saborear os vinhos da Costa Central da Califórnia: o seu bar de degustação no centro de Paso Robles e o The Restaurant at JUSTIN. Trata-se do único restaurante numa adega do país a receber uma Estrela MICHELIN e uma Estrela Verde MICHELIN, pela sua cozinha hiperlocal — 95% dos ingredientes vêm da quinta de 10,5 hectares da propriedade ou de produtores locais.
A sala de refeições oferece vista para as colinas cobertas de vinhas e um terraço sombreado que chega quase até aos pés das videiras. Para uma experiência mais profunda, reserve uma degustação de vinhos na propriedade, seguida de almoço à la carte e harmonização opcional com chocolates artesanais.
5. Para vistas deslumbrantes sobre vinhas ondulantes: Cyrus, Condado de Sonoma, Califórnia
Pense no Cyrus como um banquete itinerante: começa com canapés e um carrinho de champanhe e martini no bubbles lounge, com opção de passear pelos jardins ou simplesmente sentar-se para apreciar a vista dos vinhas. Em seguida, os comensais são levados à Kitchen Table, onde podem observar a equipa a preparar a famosa cozinha do chef Douglas Keane, enquanto saboreiam pequenos petiscos como o "Adult Oreo", um foie gras torchon com cassis.
O jantar é servido numa sala envidraçada e moderna, com vista panorâmica sobre as vinhas de cabernet sauvignon do Alexander Valley.
6. Para uma experiência de alta cozinha francesa: La Grand’Vigne, Bordéus, França
Depois de provar o Grand Cru Classé Bordeaux na vizinha Château Smith Haut Lafitte, sente-se sob o magnífico dossel de vidro do Les Sources de Caudalie, inspirado numa estufa do século XVIII, onde o La Grand’Vigne detém duas Estrelas MICHELIN.
O menu do chef Nicolas Masse é uma viagem pelo terroir da Aquitânia, destacando ingredientes tão frescos e locais quanto os da horta orgânica do hotel, que pode ser vista das amplas janelas da intimista sala de jantar em tons de carvão. Dada a sua localização privilegiada, rodeada pelas icónicas vinhas de Graves, a carta de vinhos — com destaque para os elogiados produtores de Pessac-Léognan — é tão focada na região quanto os menus de cinco e sete pratos.
7. Para os amantes da arte: Chez Jeannette, Flassans-sur-Issole, França
Conhecida pela produção de alguns dos melhores rosés da Provença, a La Commanderie de Peyrassol é tão apreciada pelo seu vinho como pela sua arte contemporânea — uma das maiores coleções ao ar livre da Europa. Mais de 80 obras, de artistas como Daniel Buren, Bertrand Lavier, Jean-Pierre Raynaud e Richard Long, estão espalhadas pelas vinhas e pela propriedade repleta de plantas mediterrânicas. Aqui, a arquiteta paisagista Gaële Bazennerye criou um percurso com vistas desobstruídas para os trabalhos artísticos, colocados sobre pedestais naturais.
A partir do terraço do Chez Jeannette, aos pés das vinhas antigas, terá uma vista panorâmica sobre a natureza circundante enquanto saboreia pratos provençais confecionados com produtos frescos da horta biológica.
8. Para uma abordagem moderna de pratos rústicos: Sauska 48, Villány, Hungria
No terraço do Sauska 48, ficará rodeado pelas vinhas da adega homónima, de segunda geração, situada em Villány. Aí, poderá conhecer castas como cabernet sauvignon e syrah, bem como tintos autóctones como kadarka e kékfrankos (também denominado blaufränkisch). A carta de vinhos deste restaurante de 48 lugares centra-se nos tintos e rosés locais, bem como nos brancos da outra adega da família, localizada na revitalizada região de Tokaj — berço do doce vinho de sobremesa, conhecido como o “vinho dos reis, rei dos vinhos”.
As quintas e pomares da região — bem como as colheitas atuais da adega — inspiram o menu do chef executivo Attila Bicsár, que apresenta uma cozinha húngara caseira com opções que vão desde Massa com couve, molho de manteiga e salsa de nectarina até Peito de codorniz com ruibarbo e polenta assada.
9. Para um ambiente de aldeia italiana: Borgo Sant’Anna, Monforte d’Alba, Itália
Numa região conhecida por ter alguns dos melhores pratos e vinhos da Europa, o Borgo Sant'Anna destaca-se dos demais. Isso deve-se à cozinha tradicional do Piemonte, com o toque especial do chef Pasquale Làera, natural da Apúlia, e ao seu terraço deslumbrante, suspenso como um palco sobre as vinhas de nebbiolo. Enquanto a adega está repleta de barris de Barolo DOCG em envelhecimento, a carta de vinhos conta com 1.400 rótulos prontos para degustar — a maioria de diferentes regiões da Itália.
Rodeado pelas colinas verdejantes de Langhe — consideradas Património Mundial da UNESCO —, o Borgo, foi concebido para evocar uma pequena aldeia italiana. O espaço é tão impressionante durante o almoço, com as vinhas estão banhadas pelo sol, como à noite, quando é possível observar as estrelas a partir das janelas do terraço da moderna sala de jantar.
10. Para um toque contemporâneo na cozinha italiana: Radici, Costigliole d’Asti, Itália
Instalado numa cave de tijolo do século XIX, com iluminação suave, o Radici transpira romantismo — e essa atmosfera intimista prolonga-se na esplanada com vista para as vinhas. A carta de vinhos inclui cerca de 400 rótulos que abrangem uma mistura diversificada de terroirs, provenientes de pequenos produtores, bem como da própria adega Mura Mura, onde se produzem vinhos a partir de algumas das castas mais icónicas do Piemonte.
Os pratos tradicionais são reinventados com um toque vibrante e criativo, fundindo sabores inesperados, como Gnocchi de batata com ragu de cogumelos porcini e chanterelle, alho selvagem, trigo queimado e hortelã.
11. Para uma vista das vinhas do Vale do Reno: Torkel, Vaduz, Liechtenstein
O pequeno principado do Liechtenstein pode não estar no seu radar vínico, mas, situado entre a Áustria e a Suíça, não é surpreendente que seja considerado uma das melhores regiões de produção de vinho do Vale do Reno. Localizado numa vinha a norte da capital, Vaduz, o Torkel foi, em tempos, uma adega, antes de o edifício medieval utilizado para vinificação ser convertido em restaurante.
O terraço funciona como uma extensão natural da sala de refeições, onde o elemento central é a antiga prensa de vinho, cuidadosamente preservada — ou torkel, no dialeto local — que deu nome ao espaço.
12. Para uma cozinha contemporânea chic: Damiana, Vale de Guadalupe, México
Escondido nas vinhas da Viñedos de la Reina, na principal região vinícola do México, o Damiana mistura-se com a paisagem da adega familiar, que cobre uma encosta virada para o mar. O edifício, de estilo industrial-chic, divide-se em duas áreas: no piso superior, uma sala de degustação de vinhos premiados com vista para o vale; no piso inferior, o restaurante abre-se para um pátio sombreado por árvores iluminadas.
O menu de seis pratos do chef Esteban Lluis presta homenagem à abundância de ingredientes locais do vale, com interpretações criativas que combinam técnicas contemporâneas e tradicionais.
13. Para criações engenhosas com ingredientes autóctones: Angélica Cocina Maestra, Mendoza, Argentina
Nicolás Catena Zapata foi “responsável por colocar os vinhos argentinos no mapa mundial”, como disse a lendária crítica de vinhos Jancis Robinson, e este restaurante com Estrela MICHELIN, situado nesta adega de Mendoza, presta homenagem à mãe do viticultor de terceira geração. O Angélica Cocina Maestra exala o charme do Velho Mundo, com as suas paredes de pedra clara e tetos abobadados revestidos de tijolo, mas a comida aqui segue um rumo bem diferente. Josefina Diana e Juan Manuel Feijoo, a dupla dinâmica de chefs por detrás do conceito de “vinho em primeiro lugar”, deixam que esta bebida guie a gastronomia, que gira em torno de sementes nativas não modificadas da horta biológica e de ingredientes como batatas andinas.
Beba vermute na sala da destilaria e faça uma visita guiada à adega antes de se sentar numa das majestosas cadeiras de madeira, cravejadas de pedras preciosas, para saborear um menu que apresenta versões modernas dos ricos sabores de Mendoza.
14. Para uma cozinha de autor “da quinta para a mesa”: Zonda Cocina de Paisaje, Mendoza, Argentina
Vinhas verdejantes enquadram a luminosa e arejada sala de refeições do Zonda Cocina de Paisaje, banhada de sol, onde os menus de degustação incluem uma visita aos jardins e à cozinha. A gastronomia sazonal, de inspiração “da quinta para a mesa”, visa harmonizar com os vinhos de terroir da Adega Lagarde — entre os quais se destaca o excecional DOC Malbec —, e oferecer um vislumbre da cultura andina.
Nas mesas altas, instaladas nas vinhas centenárias, participe num workshop de culinária com enfoque sazonal. Prepare uma receita tradicional da região de Cuyo com ingredientes da horta (acompanhada, claro está, de um copo de vinho Lagarde), antes de desfrutar de um menu de degustação que apresenta interpretações refinadas das especialidades de Mendoza, além de um clássico Asado argentino.
15. Para um design inovador: Ambivium, Peñafiel, Espanha
Quando um restaurante tem o seu próprio laboratório de harmonização, os apreciadores de vinho sabem quão especial será a sua experiência, principalmente numa região tão rica em vinhos como Peñafiel, a capital do centro de produção de tempranillo na Ribera del Duero, na Espanha. O Ambivium, localizado no coração da adega Pago de Carraovejas, não limita a sua carta de vinhos a um único terroir. Em vez disso, leva os clientes numa viagem por rótulos de todo o mundo, com uma adega composta por quase 4000 referências.
Com foco na cozinha de quilómetro zero, a maior parte do menu é baseada na horta biológica da propriedade, e os nossos inspetores consideram "especialmente impressionantes" as sobremesas com mel das colmeias da adega. A sala de jantar, banhada pela luz, é igualmente cativante, sobretudo quando o pôr do sol ilumina o Castelo de Peñafiel.
16. Para uma experiência gastronómica num cenário histórico grandioso: Refectorio, Sardón de Duero, Espanha
Rodeado por quase 500 acres de vinhas, no coração da região vinícola de Ribera del Duero, o hotel Abadía Retuerta LeDomaine, distinguido com três Chaves MICHELIN, ocupa construções maravilhosamente preservadas onde outrora se erguia uma abadia do século XII. A antiga hospedaria do mosteiro alberga atualmente 30 quartos com varandas suspensas sobre as vinhas, que podem ser visitadas a cavalo, de jipe — com paragens para degustar queijos e uma taça de vinho da propriedade, antes de terminar na antiga sala de barris — ou de balão de ar quente, flutuando sobre a zona rural de Castela ao amanhecer.
No sofisticado Refectorio, a extensa carta de vinhos inclui uma seleção de destaque de Castela e Leão que combina na perfeição com os pratos locais. Pense em Pepino-do-mar com feijão-verde e molho de aves ou Perdiz em conserva com azeitonas pretas.
17. Para vinhos excelentes a copo: Alter Torkel – Huus vum Bündner Wii, Jenins, Suíça
O Alter Torkel atrai uma mistura de caminhantes e ciclistas para o seu terraço, escondido entre as vinhas dos Grisões — apelidados de “Borgonha da Suíça”, porque mais de 70% dos vinhos produzidos na região são pinot noir. O proprietário, Oliver Friedrich, criou o maior arquivo de vinhos da região, reunindo colheitas jovens e envelhecidas com elegância na cave, onde mais de 1.500 garrafas são armazenadas e onde se realizam provas.
A gastronomia aqui gira em torno do que está no copo: basta escolher um dos 21 vinhos disponíveis a copo, em rotação constante, e o chef David Esser encontrará a harmonização perfeita para o acompanhar.
18. Para uma escapadinha no campo inglês: Chalk, Pulborough, Reino Unido
Os espumantes britânicos estão a viver um momento de grande destaque, e pode provar uma seleção excecional deles diretamente na fonte, na Wiston Estate, em Sussex. Esta propriedade familiar remonta a 1743, mas a sua história no mundo da vinificação começou apenas em 2006, com a plantação das castas emblemáticas da região de Champagne: pinot noir, pinot meunier e chardonnay.
Aventure-se num passeio de bicicleta pelas suaves colinas cobertas de vinhas antes de se sentar no restaurante Chalk, de inspiração rústica e ambiente simples. Aqui, desfrute de um copo de espumante enquanto saboreia um menu sazonal que começa com uma porção generosa de Focaccia caseira com alecrim.
Imagem de capa: O Sattlerhof, em Gamlitz, Áustria, conta com quartos elegantes em estilo rural, situados no alto das vinhas. © Sattlerhof
