É inegável: Lisboa vive um momento de excelência para os fãs da gastronomia nipónica. Era um caminho natural: a qualidade da matéria-prima vinda da costa portuguesa, o crescente cosmopolitismo da cidade e a forte influência japonesa que marca cozinha mundial criaram as condições perfeitas para isso. De omakases intimistas a espaços com espírito de taberna e luzes néon que poderiam estar em qualquer esquina de Tóquio, a capital oferece casas que fazem jus à omnipresença nipónica na restauração global.
Da Lapa a Alcântara, incluindo Sintra e Cascais, reunimos os melhores restaurantes japoneses de Lisboa e arredores: locais que provam que comer à moda do Japão nunca foi tão bom por cá.

Kabuki Lisboa: do Japão ao Mediterrâneo
Primeira filial do grupo fora de Espanha, o Kabuki Lisboa, com uma Estrela MICHELIN, ocupa três pisos nas Galerias Ritz, ligadas ao Four Seasons Hotel Ritz Lisboa, e propõe uma cozinha nipónica-mediterrânica elaborada com produtos portugueses. Num ambiente contemporâneo, onde arte e alta gastronomia se encontram, o estabelecimento une a tradição japonesa à relação histórica e cultural de Portugal com o mar — e com o país do Sol nascente.No piso inferior, há espaço para cocktails, licores e até um menu executivo; a sala principal abriga um sushi bar — com sashimi, usuzukuri, nigiris e makis — decorado elegantemente, com um mural que representa os principais elementos da filosofia nipónica. Já o andar superior oferece, ao almoço, um menu que homenageia, diariamente, um ingrediente distinto. Uma experiência que cruza precisão nipónica com a frescura mediterrânica, num só endereço.

Kanazawa: essência da cozinha kaiseki
Um dos restaurantes japoneses mais exclusivos de Lisboa, o Kanazawa — distinguido com uma Estrela MICHELIN — tem apenas oito lugares ao balcão. À frente está Paulo Morais, um dos grandes chefs portugueses especializados na gastronomia oriental, que recebe pessoalmente os clientes e prepara cada prato diante dos seus olhos, explicando a origem, o significado e a razão de cada um.Inspirada na tradição imperial japonesa e na cerimónia do chá, a cozinha kaiseki retrata as estações do ano e o território através de técnicas meticulosas e apresentações precisas. No Kanazawa, essa filosofia ganha uma leitura própria, mas fiel à essência, com três menus ao almoço e seis ao jantar — sendo estes últimos mais elaborados e gastronómicos. A qualidade dos peixes e dos mariscos — vieira, amêijoa, ventresca de atum, pregado, carabineiro — é impressionante, e cada momento no balcão é num mergulho profundo na alta cozinha nipónica.

Omakase RI: um dive bar ao estilo omakase
Na Lapa, apenas dez lugares ao balcão recebem quem procura um omakase diferente, intimista e com personalidade. À frente está o chef nipo-brasileiro William Vargas, que apresenta pessoalmente os peixes — curados sem excessos, preservando o produto no seu estado mais puro — e as suas origens, antes de servir um menu de 15 momentos, que muda diariamente consoante o mercado.Inspirado nos dive bars de Tóquio, o espaço é informal e descontraído, ao som de hip hop e com saquê a circular. Uma experiência exclusiva, pensada para quem valoriza a tradição do edomae sushi (estilo nascido na capital japonesa), mas também gosta de viver o momento.

YŌSO: omakase de autor
No balcão de nove lugares do YŌSO, com uma Estrela MICHELIN em Alcântara, o chef brasileiro Habner Gomes conduz um único menu de degustação que cruza a precisão do kaiseki com a fluidez do estilo omakase. O pequeno espaço, desenhado pelo próprio chef, conta com mesas ao fundo — para clientes habituais e novos —, mas é no balcão que a experiência ganha intensidade.Com o apoio de José Balau na sala e na carta de vinhos, Habner aposta em fazer de Lisboa um destino de referência para a gastronomia japonesa na Europa. Entre caldos reconfortantes, grelhados de sabor profundo e peixes da costa portuguesa — pargo, lírio, enguia, bonito dos Açores — preparados com técnicas clássicas (Sakizuke, Otsukuri, Niguirizushi, Agemono), o YŌSO prova que tradição e frescura local podem partilhar o mesmo prato.

Izakaya: uma eletrizante taberna japonesa
No coração de Cascais, o Izakaya é uma taberna japonesa autêntica, vibrante e descontraída, que evoca o espírito das ruelas de Tóquio ao cair da noite — luzes néon, vapor a sair das cozinhas e vozes que se cruzam num ambiente acolhedor e caótico na dose certa.O restaurante propõe um menu Omakase servido diretamente no balcão ou criações feitas à medida pelo chef, de acordo com o apetite e a vontade do momento. Aqui, cada prato é uma explosão de sabor e cada copo, um brinde à partilha — num espaço onde a hospitalidade se vive com proximidade e sem formalidades.

Kappo: um omakase à beira-mar
Beneficiado pela proximidade do mar em Cascais, o Kappo — nome que significa “cortar e cozinhar”, em japonês — foi recentemente renovado, ganhando ainda mais elegância e um ambiente intimista. No balcão para apenas 12 comensais, o chef Tiago Penão conduz um único menu Omakase, composto por onze momentos guiados pela estação e pela filosofia omotenashi — a mais genuína forma de hospitalidade japonesa.Com delicadeza e técnicas precisas, cada prato é preparado diante do cliente, num ritual que respeita a natureza, a ordem e a essência da alta cozinha nipónica. A experiência, que combina produtos de excelência com um domínio absoluto da tradição, convida a abrandar o tempo e a mergulhar numa viagem gastronómica pensada ao pormenor. Recomenda-se reservar com antecedência.

Midori: o Japão em Sintra
Localizado em Sintra, é um dos restaurantes japoneses mais antigos do país (desde 1992) e o primeiro deste género a ser reconhecido com uma Estrela MICHELIN em Portugal. O nome — Midori, “verde” em japonês — é uma homenagem à vegetação exuberante que envolve o Penha Longa Resort (hotel com três Chaves MICHELIN), onde se encontra o estabelecimento, em plena serra do Parque Natural de Sintra-Cascais.Sob a liderança do chef Pedro Almeida, a casa propõe uma cozinha de essência portuguesa com alma japonesa, em que técnicas nipónicas se aplicam aos melhores produtos locais. Em dois menus de degustação — Kiri (7 momentos) e Yama (9 momentos) — surgem criações como o Nigiri de tomate assado, a Língua de vaca Kakuni com beringela e tomate escaldados, ou a sobremesa de Hachi, aveia e mel. O ambiente é intimista, com cozinha aberta, janelas amplas e um mural pintado à mão que retrata a chegada dos marinheiros portugueses ao Japão, em 1543.
Imagem de capa: © Midori