Travel 5 minutos 17 Setembro 2025

8 pequenas localidades de Portugal com restaurantes MICHELIN

Um roteiro para descobrir a gastronomia portuguesa com selo MICHELIN em localidades pequenas de norte a sul. Cada vez mais, o país prova que a cozinha de excelência não está apenas presente nos grandes centros urbanos.

Há gastronomia imperdível também fora das grandes cidades — e a diversa, efervescente cena da restauração portuguesa é prova disso. Longe do eixo Lisboa-Porto, e de outros grandes centros urbanos do país, surgem projetos que mostram como Portugal continua a ter muito para ser desbravado também à mesa. Das paisagens verdes do Minho às estradas que conduzem às muralhas históricas do Alentejo, das vinhas espalhadas pelo Dão à vista do Atlântico no sul algarvio, a culinária de Portugal afirma-se também em localidades pequenas, guardiãs da riqueza gastronómica do país.

Aliás, descobrir recantos com boa cozinha, muitas vezes escondidos e afastados, sempre foi um dos objetivos do Guia MICHELIN. Logo na primeira edição, ainda em 1900, o prefácio explicava que esta publicação tinha como propósito dar “ao motorista todas as informações necessárias para viajar”, incluindo conselhos práticos sobre “onde abastecer, fazer reparos, bem como onde encontrar um lugar para dormir e comer”.

A seguir, apresentamos um roteiro de restaurantes, reconhecidos pelo Guia MICHELIN em Portugal, situados em pequenas localidades, fora dos maiores núcleos urbanos, que justificam plenamente uma visita.


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A Carvalheira, às margens do rio Lima, defende uma cozinha portuguesa autêntica e saborosa. © Esquerda: Manuel Azevedo/A Carvalheira. / Direita: Manuel Azevedo/A Carvalheira
A Carvalheira, às margens do rio Lima, defende uma cozinha portuguesa autêntica e saborosa. © Esquerda: Manuel Azevedo/A Carvalheira. / Direita: Manuel Azevedo/A Carvalheira

1. A Carvalheira: tradição minhota, em Ponte de Lima

Às margens do rio Lima, em Ponte de Lima — frequentemente considerada a vila mais antiga de Portugal, com foral datado de 1125 — ergue-se a Quinta do Eido Velho, espaço que encanta pela rusticidade e pelos jardins cuidados. É aqui que se encontra o restaurante A Carvalheira, conduzido pela chef Maria Teresa Gomes, que defende uma cozinha portuguesa robusta e genuína, fiel às tradições do Alto Minho. A proposta é de sabores francos, preparados com rigor e respeito pela memória gastronómica regional. A refeição pode começar pelo incontornável Presunto e seguir para clássicos, como o típico Arroz de sarrabulho ou o emblemático Cabrito assado no forno — talvez o prato mais representativo da casa. Para acompanhar, nada melhor do que um copo de Vinho Verde tinto, que aqui se serve com orgulho.

2. Marquês de Marialva: tradição e hospitalidade beirã, em Cantanhede

O concelho de Cantanhede, célebre pelo seu património arquitetónico e religioso, guarda tesouros como o Museu da Pedra, que evoca o período áureo da escultura renascentista em Portugal, bem como memórias ligadas à tradição piscatória da Arte Xávega. É neste cenário histórico que se situa o restaurante Marquês de Marialva, cujo nome presta homenagem ao nobre português que desempenhou um papel decisivo na Guerra da Restauração. Localizado numa antiga casa cuidadosamente restaurada, o espaço conjuga ambientes intimistas — com três salas de estilo clássico-rústico, uma delas com lareira — e uma ampla sala de banquetes no piso superior. A cozinha privilegia os sabores tradicionais em propostas à la carte e menus de degustação que refletem a identidade local. Entre as especialidades, destacam-se o Bacalhau assado à lagareiro e o Cabrito assado, símbolos maiores da gastronomia beirã.

A Quinta de Lemos, rodeada por vales e vinhas, é o cenário do restaurante Mesa de Lemos. © Esquerda: Mário Ambrózio/Mesa de Lemos. / Direita: Mesa de Lemos
A Quinta de Lemos, rodeada por vales e vinhas, é o cenário do restaurante Mesa de Lemos. © Esquerda: Mário Ambrózio/Mesa de Lemos. / Direita: Mesa de Lemos

3. Mesa de Lemos: criatividade com raízes no Dão, em Passos de Silgueiros

Em Passos de Silgueiros, no concelho de Viseu, ergue-se a imponente Quinta de Lemos e a sua uma construção arquitetónica de linhas retas e modernas, revestida de vidro e em contraste com a paisagem vínica envolvente. É neste cenário privilegiado de vales e vinhas da região do Dão que o chef Diogo Rocha dirige o Mesa de Lemos, um restaurante que combina criatividade e técnica apurada com profundo respeito pelos produtos da terra e pelas tradições beirãs. A cozinha de Rocha assenta em bases tradicionais, mas reinterpretadas com identidade própria, valorizando ingredientes locais e a sazonalidade em menus de 6 ou 8 momentos. O facto de a Quinta produzir uma parte significativa da matéria-prima utilizada reflete o compromisso ambiental do projeto, que luta também contra o desperdício e aposta em energias renováveis.

4. Oculto: um segredo revelado nas margens do Ave, em Vila do Conde

Vila do Conde, uma das mais antigas localidades do Norte de Portugal — com origens que remontam ao ano de 953 — oferece aqui um encontro singular entre património, história e gastronomia contemporânea. Instalado no interior do antigo Mosteiro de Santa Clara, hoje convertido no luxuoso hotel The Lince Santa Clara, o restaurante Oculto recebe o visitante com uma entrada majestosa, junto às margens do rio Ave, e conta uma narrativa surpreendente. O estabelecimento esteve literalmente enterrado, tendo sido escavado para recuperar as paredes originais de pedra e revelar os tetos abobadados de tijolo, que lhe conferem um ambiente singular. A proposta culinária, moderna e elegante, é assinada pelo chef Vítor Matos, executada com mestria por Hugo Rocha e apresentada em dois menus de degustação com forte ligação ao mundo marinho e à sazonalidade: o vegetariano Flora (5 momentos) e o Imersão (5 ou 8 momentos). Ainda que próximo do Porto, Vila do Conde preserva o ritmo tranquilo de um refúgio, o que torna a experiência no Oculto ainda mais especial.

O Arroz Carolino do Mondego é o protagonista do acolhedor restaurante Olaias, localizado em Figueira da Foz. © Olais _ Inês Mendes @inesananasehortela/Olaias.
O Arroz Carolino do Mondego é o protagonista do acolhedor restaurante Olaias, localizado em Figueira da Foz. © Olais _ Inês Mendes @inesananasehortela/Olaias.

5. Olaias: o brilho do arroz carolino do Mondego, em Figueira da Foz

Junto à foz do rio Mondego, Figueira da Foz é uma cidade costeira marcada pelas suas extensas praias de areia branca e fina, a pouco mais de 40 km de Coimbra. Conhecida como destino balnear, a localidade surpreende também pela gastronomia, em especial pelo protagonismo do Arroz Carolino do Baixo Mondego, produto identitário da região. É ele o elemento central da cozinha do Olaias, onde os pratos são preparados em forno de barro para realçar aromas e sabores intensos. O restaurante, instalado no Centro de Artes e Espectáculos, apresenta uma sala cosmopolita e luminosa, com janelas do chão ao teto e vistas amplas. Entre as especialidades, recomenda-se começar pelo Rissol da tia Fernanda, suculento e delicado, seguir com um dos arrozes (seja de pato, peixe ou rabo de boi) e terminar com o Pão de ló húmido com flor de sal, uma sobremesa que fica na memória. Esta cozinha de conforto num ambiente contemporâneo proporciona à Figueira da Foz mais um motivo para ser visitada em qualquer altura do ano.

6. PODA: a nova e tradicional cozinha alentejana, em Montemor-o-Novo

Na cidade histórica do Alentejo de Montemor-o-Novo, onde muralhas medievais e calçadas de pedra transportam o visitante numa autêntica viagem no tempo, nasceu o PODA. Instalado num antigo armazém agrícola totalmente remodelado, o restaurante combina decoração rústica e acabamentos em madeira, criando uma atmosfera acolhedora que reflete a identidade local. Amigos de longa data, o chef João Narigueta e o escanção Miguel Dominguinhos uniram esforços para prestar uma homenagem à cozinha tradicional alentejana, reinterpretada aqui com frescura e atenção ao pormenor. Entre os pratos emblemáticos destacam-se as Migas e a Tomatada alentejana, servidas de forma simples, mas com sabor surpreendente, bem como a Isca de vaca ou o Bitoque, que pode ser de porco ou de vaca. A carta de vinhos privilegia produtores da região, reforçando a ligação à terra e às tradições de Montemor-o-Novo.

De frente para o Atlântico, o Vista é uma celebração do Algarve e do mar. © Esquerda: Luis Ferraz/Vista. / Direita: João Bessone/Vista
De frente para o Atlântico, o Vista é uma celebração do Algarve e do mar. © Esquerda: Luis Ferraz/Vista. / Direita: João Bessone/Vista

7. Vista: o Atlântico como inspiração, em Portimão

O histórico Bela Vista Hotel & Spa, com duas Chaves MICHELIN, instalado num palacete do início do século XX e hoje um dos cartões-postais da Praia da Rocha, em Portimão, acolhe o restaurante Vista, comandado pelo chef João Oliveira. De frente para o Atlântico, o espaço presta homenagem à envolvente paisagem algarvia e ao mar, que ditam grande parte da sua proposta gastronómica. Os menus — disponíveis em versão clássica ou vegetariana — enaltecem os produtos locais com pratos delicados e de grande rigor técnico. Na mesa, encontram-se peixes de Sagres, mel de Monchique, carabineiro de Vila Real de Santo António ou flor de sal de Castro Marim, entre outros tesouros da região. O salão, elegante e acolhedor, aliado à vista que lhe dá nome, completa uma experiência que faz deste um dos restaurantes de referência em Portugal.

8. Terruja: um refúgio gastronómico num Parque Natural, em Alvados

Na pequena freguesia de Alvados, situada a norte do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros — uma das paisagens cársicas mais bonitas de Portugal, conhecida pelas suas grutas, como as famosas Grutas de Mira de Aire — encontra-se o Terruja, restaurante que o chef Diogo Caetano assume como o seu verdadeiro refúgio gastronómico. Com interiores modernos, dominados pela madeira e por grandes vidraças com vistas para o vale e para a piscina do hotel a que está integrado, o espaço convida a uma experiência de cozinha criativa, sempre ancorada nos produtos e sabores da região. Há um menu de degustação (de 9 pratos) ou a opção de pedir à carta pratos como o Choco grelhado com salada de algas, o Tártaro de veado com alho assado e gelado de mostarda ou até um Magnet de pato com arroz de cabidela “tal como uma mãe ou uma avó fariam”, como explica o cardápio. O Terruja procura traduzir uma nova cultura gastronómica portuguesa, que dialoga com influências internacionais, sem perder de vista as tradições do concelho de Porto de Mós.



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Imagem de capa: © Mário Ambrózio / RawStudio / Mesa de Lemos

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