Mais do que inspiração, comida é matéria prima para artistas em suas obras e reflexões
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Limões, marmelos e maçãs foram primorosamente retratados pelo pintor holandês Vincent van Gogh. Tão trivial, uma sopa enlatada se tornou uma das séries de pop-art mais conhecidas de todos os tempos pelas mãos do norte-americano Andy Warhol. E como não citar Marina Abramović que devorou uma cebola crua inteira em uma de suas vídeo-performances?
A comida sempre esteve presente na história mundial das artes visuais. No Brasil não é diferente. Muitos representantes da arte contemporânea não apenas se inspiram em alimentos para realizar suas obras, mas também os utilizam como instrumentos de seus trabalhos.
Vik Muniz é um deles. O artista, que já declarou que “a arte é sobretudo a habilidade de olhar para uma coisa e enxergar outra”, empregou diferentes tipos de perecíveis para criar ou reproduzir imagens efêmeras que foram eternizadas em fotografias. Com manteiga de amendoim e geleia de uva, ele “pintou” duas versões da Mona Lisa de Leonardo da Vinci. Utilizando caviar, criou uma série que incluía Drácula e Frankestein. John Lennon ganhou formas com grãos e duas xícaras de café, Che Guevara com feijões enlatados, e Sigmund Freud com calda de chocolate.
A temática também perpassa a construção poética de Rubiane Maia. Na vídeoinstalação “Esboços de um Corpo Desconhecido”, a artista discute a íntima relação do corpo com a comida e propõe o contato físico com alimentos como macarrão, milho, ovos, café e óleo, entre outros. Na performance “Uma maçã e duas cadeiras”, ela fotografou mulheres, uma a uma, enquanto comiam uma maçã. Em “O Jardim”, ela cultivou feijões por dois meses, durante oito horas por dia e em absoluto silêncio. Mineira de nascimento e capixaba de coração, a artista declara ter vontade de pesquisar fungos e PANCs (plantas alimentícias não convencionais). “O alimento me interessa pelo fato de ser algo essencial para a manutenção da vida. Ele está presente no nosso cotidiano, é metabolizado pelo nosso corpo e é fundamental para a nossa constituição física e psíquica”, diz Maia. “A comida também está nas principais pautas políticas e econômicas”, ela acrescenta.
Rubiane Maia cultivou feijões por dois meses, oito horas por dia em silêncio absoluto
É nesse campo que estão muitos dos trabalhos de Eduardo Srur, para quem a “comida alimenta o corpo e a arte alimenta a alma”. Sua instalação “Palmitos” reuniu milhares de frascos de palmito que foram apreendidos pela Polícia Florestal em São Paulo. O alimento havia sido extraído ilegalmente e armazenado sem os mínimos cuidados de higiene. Refletindo sobre o consumo excessivo e o desperdício de alimentos, a vídeo-performance “Supermercado” traz o artista empurrando um carrinho de compras e despejando sobre si alimentos industrializados, como refrigerante, iogurte e ketchup.
Eduardo Srur criou uma instalação com palmitos extraídos ilegalmente
“Esta é uma síntese de tudo o que fazemos de errado com a comida. Antes a gente tinha que produzir e fazer a própria comida. Hoje você vai, compra e come, sem se dar conta do ritual de se alimentar ou do tipo de alimento que põe dentro do corpo. Eu usei meu próprio corpo como tela em branco, me pintando com toda essa junk food". Ele prossegue. “O Brasil é um dos países que mais desperdiça alimentos. Você vai à CEASA (Central Estadual de Abastecimento) e vê a quantidade de comida jogada fora que poderia ser servida para pessoas que passam fome. Tem muita gente com pouco e os poucos que têm muito comem demais”, acrescenta Srur.
Em Supermercado, Srur questiona o consumo excessivo e o desperdício de alimentos
Cozinheira e nutricionista, Neka Menna Barreto também flerta com o mundo das artes, tendo participado de diferentes projetos e exposições. Para a edição 2022 do Festival Arte Serrinha, ela criou a instalação-banquete “Terra que te quero viva”, em que são servidas sobre uma mesa de madeira porções de sal, raízes, pimentas e grãos, entre outros elementos. “Eu sempre vi os alimentos meio plasticamente. A comida pode ser como uma tinta, um pincel ou outro material qualquer que um artista usa. Todo mundo tem uma relação de intimidade com a comida, mas quando vemos o alimento como objeto da arte, percebemos que ele também conta uma história”, ela diz.
Terra que te quero viva, de Neka Menna Barreto, foi criada para o Festival Arte Serrinha 2022
*Foto de capa: O contato com milho, macarrão e oléo é proposto em Esboços de um Corpo Desconhecido, de Maia
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