Travel 6 minutos 23 Julho 2024

Porto no verão: 12 coisas para ver e fazer

Qualquer que seja a previsão da meteorologia, temos várias sugestões para que aproveite e coma bem no Porto até à chegada do outono.

O verão de 2024 tem andado tímido. Por vezes esconde-se atrás de nuvens, chuviscos ligeiros e rajadas de vento; noutras reaparece, sem misericórdia, com um sol abrasador. Entre escolher se vai vestir o impermeável ou o fato de banho, desfrute as nossas ideias de coisas para ver, fazer ou comer.

1. Enterrar os pés na areia

Ondas grandes podem ser chatas para uns, mas a razão ideal para uma ida à praia para outros, sobretudo para quem pratica surf ou bodyboard. A Praia do Aterro em Leça da Palmeira, satisfaz estes últimos, mas não só, já que tem opções gastronómicas para todos os gostos. Fica perto de dois restaurantes de referência daquela zona: a Casa de Chá da Boa Nova (duas Estrelas MICHELIN) e o SEIVA, do chef David Jesus. Mais acima, já em Vila do Conde, pode enfiar os pés na areia da Praia do Mindelo. É mais abrigada do vento que as restantes e fica perto do Romando.

Aproveite as altas temperaturas para dar um mergulho no Atlântico © Marija Stepanovic/iStock
Aproveite as altas temperaturas para dar um mergulho no Atlântico © Marija Stepanovic/iStock

2. Dar um passeio no parque

Mora no Porto, mais concretamente no Jardim das Virtudes, a maior árvore Ginkgo Biloba do país. Aproveite para se estender à sombra deste colosso de 35 metros e ler um livro ou comer um croissant amanteigado da Padaria Ribeiro, que fica em caminho. Já o jardim do Parque de Serralves, desenhado pelo arquiteto Jacques Gréber no início do século XX, guarda estátuas, plantas nativas e exóticas, e até um roseiral. Descubra-os em percursos de 60, 90 e 120 minutos disponíveis no site da Fundação. Termine o dia passeando no Jardim do Antigo Palácio de Cristal, miradouro com uma vista desafogada para o Douro, antes de jantar no Antiqvvm (duas Estrelas MICHELIN).

Os jardins do Parque de Serralves podem ser descobertos em passeios programados pela própria fundação  © ptxgarfield/iStock
Os jardins do Parque de Serralves podem ser descobertos em passeios programados pela própria fundação © ptxgarfield/iStock

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3. Pôr a leitura em dia

Para muitos, entre os quais o escritor espanhol Enrique Vila-Matas, a Livraria Lello sempre foi a mais bonita do mundo. Esta paragem obrigatória para os amantes dos livros passou a ter filas intermináveis à porta depois de, em 2014, a CNN a colocar no topo das mais belas. Isso e o rumor de que J. K. Rowling se teria inspirado nela para recriar uma livraria em “Harry Potter e a Câmara dos Segredos” — algo desmentido pela própria que, estranhamente, nunca lá entrou. A livraria que abriu portas em 1906 fica mesmo no centro histórico do Porto — a cinco minutos a pé do Fauno, o restaurante liderado pelos irmãos Pedro e Tiago Amorim, e a pouco mais de 10 do hotel Canto De Luz. Também a Térmita, na rua da Picaria, merece uma visita. Mais alternativa, esta livraria fica num antigo armazém de madeiras e, além de livros menos conhecidos e raridades em segunda mão, distingue-se pela programação cultural.

A Livraria Lello, na rua das Carmelitas, é das mais bonitas do mundo © SvetlanaSF/iStock
A Livraria Lello, na rua das Carmelitas, é das mais bonitas do mundo © SvetlanaSF/iStock

4. Entrar numa galeria

Para quem gosta de arte, é obrigatória a passagem pela rua de Miguel Bombarda, onde a cada porta encontra uma galeria que apetece visitar. Da arte contemporânea da Presença, Tilsitt ou Galeria Fernando Santos (cujo dono é responsável pelo Oficina, alguns metros ao lado), passando pela sempre surpreendente Cruzes Canhoto (dedicada à arte bruta, primitiva e popular), ou a Ó!Galeria, uma referência para quem aprecia ilustração, há diversidade cultural e artística para todos. No outro lado da cidade, na zona do Bonfim, vale a pena visitar a Senhora Presidenta. De portas abertas desde 2018, dedica-se a exposições de pintura, ilustração, fotografia, objetos de design (como os lindíssimos tapetes da GUR), entre outros, mas também a espetáculos e concertos de música.

Ambiente industrial, comida tradicional elaborada e arte contemporânea encontram-se no Oficina © Restaurante Oficina/Oficina
Ambiente industrial, comida tradicional elaborada e arte contemporânea encontram-se no Oficina © Restaurante Oficina/Oficina

5. Encontrar os melhores frescos — e não só!

Dos tradicionais aos mais modernos, os mercados do Porto são dos melhores cartões de visita da cidade. Nem Anthony Bourdain escapou a uma piada marota de uma peixeira do Bolhão, quando por lá passou, em 2017, para gravar o episódio de Parts Unknown dedicado à cidade Invicta. Corado, lá seguiu caminho pelo mercado mais famoso da cidade, renovado em 2022 e conhecido pelos frescos, peixes e mariscos. Depois do passeio, aproveite a tarde para espreitar o recém-inaugurado Time Out Market Porto, onde encontra bancas de Vasco Coelho Santos (do Euskalduna Studio, uma Estrela MICHELIN), Ricardo Costa (do Yeatman, duas Estrelas MICHELIN) ou Rui Paula (DOP e Casa de Chá da Boa Nova).

O mercado do Bolhão foi renovado em 2022 © Amfer75/iStock
O mercado do Bolhão foi renovado em 2022 © Amfer75/iStock

6. Dar um salto ao passado (garantindo o seu futuro)

É a segunda vez que falamos dela, mas nenhuma outra residente temporária do Porto ganhou tanta fama e projeção internacional como a criadora de Harry Potter. Desta vez, reza a lenda que as vassouras do pequeno feiticeiro foram inspiradas nas da Escovaria de Belomonte, casa centenária que faz peças em madeira adornadas com pelo de porco, texugo, cavalo ou cabra. Se depois da visita quiser almoçar, saiba que está a três minutos a pé do Cantinho do Avillez. Passe ainda pela mais bonita mercearia do Porto, A Pérola do Bolhão, com a sua fachada estilo Arte Nova e um interior recheado de preciosidades gastronómicas. Se a visita lhe abriu, novamente, o apetite, basta passar pelo Almeja e aproveitar um jantar no bonito terraço para dormir depois no Village by BOA.

A bela fachada em estilo Arte Nova da mercearia Pérola do Bolhão © LeonU/iStock
A bela fachada em estilo Arte Nova da mercearia Pérola do Bolhão © LeonU/iStock

7. Ouvir música sem ser nos headphones

É um clássico da noite portuense e uma das casas de espetáculos mais reconhecidas do país. Falamos do Maus Hábitos, onde música e arte andam de mãos dadas com comida e bebida (o espaço tem restaurante próprio). Do outro lado da rua fica o mítico Coliseu Porto Ageas, nascido em 1941 sob a batuta do Modernismo, que continua, ainda hoje, a receber os maiores artistas nacionais e internacionais da atualidade. Por perto, encontra o Pátio 44, (Bib Gourmand), aberto apenas ao jantar (exceto aos sábados, que nos brinda também com almoços), e o hotel PortoBay Teatro. Também é de passagem obrigatória a Casa da Música, um colosso arquitetónico de Rem Koolhaas que, embora não sendo consensual esteticamente, o é a nível da qualidade da programação.

Gnocchis e cogumelos do restaurante Pátio 44 para desfrutar antes ou após um espetáculo © Patio 44
Gnocchis e cogumelos do restaurante Pátio 44 para desfrutar antes ou após um espetáculo © Patio 44

8. Dar asas à imaginação

Fica numa reserva protegida e tem dinossauros escondidos na folhagem. Não é o Parque Jurássico, mas quase. É o Parque Biológico de Gaia e, além das réplicas dos reis do Cretáceo, tem animais que vagueiam livremente pelos 35 hectares, como javalis, veados, lontras, aves de rapina, burros, e muito mais. Caso queira tirar os pés da Terra, em direção ao Espaço, visite o Planetário do Porto, uma paragem ideal para famílias. Aqui as crianças (e os pais) vão poder viajar pela galáxia e, nas noites da segunda quinta-feira de cada mês, observar as estrelas com a ajuda de um astrónomo. Se, pelo contrário, é ao fundo do mar que pretende ir, o Sea Life garante a companhia de vários peixes, tubarões, polvos e até pinguins. O Vila Foz (uma Estrela MICHELIN e dentro do Vila Foz Hotel & SPA), liderado pelo chef Arnaldo Azevedo, fica mesmo ao lado.

O Vila Foz, com uma Estrela MICHELIN, fica mesmo em frente à Praia do Leme e a sua carta privilegia o peixe e marisco © WWW.NUMO.PT/Vila Foz
O Vila Foz, com uma Estrela MICHELIN, fica mesmo em frente à Praia do Leme e a sua carta privilegia o peixe e marisco © WWW.NUMO.PT/Vila Foz

9. Olhar para as paredes

O Porto deu ao mundo não um, mas dois prémios Pritzker, os chamados Óscares da Arquitetura. São eles Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura, responsáveis por obras emblemáticas aquém e além-fronteiras. O primeiro assinou projetos icónicos no Porto e zonas envolventes, como o Museu Serralves, o Bairro da Bouça, a Piscina das Marés ou a belíssima Casa de Chá da Boa Nova (o já mencionado restaurante liderado pelo chef Rui Paula). Já Souto de Moura é responsável pela maioria das estações de Metro (saia em São Bento se ficar alojado no Torel Palace), pelo edifício Cantareira ou a Casa das Artes.

A Casa de Chá da Boa Nova, construída sobre as rochas, foi uma das primeiras obras de Siza Vieira. Actualmente, é o restaurante do chef Rui Paula.
A Casa de Chá da Boa Nova, construída sobre as rochas, foi uma das primeiras obras de Siza Vieira. Actualmente, é o restaurante do chef Rui Paula.

10. Comer, Orar, Comer, Amar, Comer

O Porto é conhecido pelas igrejas revestidas a azulejos azuis e brancos, das quais se destacam a Capela das Almas, com mais de 15 mil quadradinhos vidrados (e a Gruta mesmo ao pé) e a Igreja do Carmo (com uma misteriosa “Casa Escondida”, que pode ser descoberta). A famosa Torre dos Clérigos, na Igreja com o mesmo nome, pode ser visitada durante a noite — entre as 19h e as 23h — até ao dia 12 de outubro. São 225 os degraus que poderá subir rumo a uma das vistas mais bonitas da cidade. A poucos metros, encontra o Elemento, restaurante que utiliza unicamente grelha e forno, e o hotel InterContinental Porto-Palácio das Cardosas.

A icónica fachada da Igreja do Carmo. (Será difícil fotografá-la sem ninguém!) © diegograndi/iStock
A icónica fachada da Igreja do Carmo. (Será difícil fotografá-la sem ninguém!) © diegograndi/iStock

11. Vai mais um copo?

O calor do verão pede um copo na mão. Cocktail, mocktail, fino ou vinho, importa que ao copo junte os amigos e aproveite bem a noite. A Musa das Virtudes abriu recentemente no Passeio das Virtudes e veio de Lisboa com as suas cervejas irreverentes na mala. No total, são 15 as torneiras de onde saem oito sabores da casa, mais outros tantos vindos de fora. Outro lugar a cheirar a novo, “mas muito mal frequentado” (como brincam os donos), é o Torto que, além de cocktails de encher o olho, tem uma carta de petiscos para encher o estômago. Por perto, e pronto para uma noite de descanso, fica o Le Monument Palace.

A primeira casa da Musa no Porto fica no Passeio das Virtudes © Nicolas Micolani/iStock
A primeira casa da Musa no Porto fica no Passeio das Virtudes © Nicolas Micolani/iStock

12. Visita às caves de vinho do Porto

Dificilmente encontra um sítio mais fresco em pleno verão do que as caves de vinho do Porto. São conhecidas mundialmente e várias têm a melhor vista sobre a cidade — já que ficam do outro lado do rio, em Vila Nova de Gaia. A Real Companhia Velha é a empresa em funcionamento mais antiga de todas, fundada em 1756 e desde 1960 nas mãos da família Silva Reis. No total, têm cinco quintas e 557 hectares de vinha própria cuja história poderá ficar a conhecer através de diferentes visitas guiadas. Da mais antiga, pode passar para a mais extensa, a Cockburn’s, criada pelos irmãos Robert e John, dois escoceses, em 1815. É nas suas caves que o vinho continua a envelhecer em balseiros de carvalho feitos por tanoeiros da região. Passe ainda pelas caves Ferreira para ficar a conhecer não só o vinho como o contributo de Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida por Ferreirinha, para a história da viticultura duriense. No final, remate o dia com uma estadia no The House of Sandeman.

É em Vila Nova de Gaia, do outro lado do rio Douro, que se situam as caves de vinho do Porto © vuk8691/iStock
É em Vila Nova de Gaia, do outro lado do rio Douro, que se situam as caves de vinho do Porto © vuk8691/iStock

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Imagem de capa: a vista da Ribeira e do centro histórico do Porto a partir da Ponte Dom Luís I © EunikaSopotnicka/iStock

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