Talvez não haja outro chef que defenda a comida brasileira tanto quanto Alex Atala. Aos 19 anos, o paulista embarcou para a prestigiosa escola de Hotelaria de Namur, na Bélgica. Em seguida, se mudou para o restaurante homônimo de Jean-Pierre Bruneau, com três estrelas Michelin, no Hôtel de la Côte D'Or, na França, onde trabalhou e encenou junto ao chef Bernard Loiseau.
Atala retornou a São Paulo em 1994 e trabalhou em diversos restaurantes da cidade até abrir o D.O.M., em 1999. O restaurante foi o primeiro e único do país a receber duas estrelas Michelin, as quais manteve com exclusividade durante as três primeiras edições do Guia Michelin RJ&SP. Até que, em 2018, passou a dividir o pódio com os restaurantes Oro e Tuju.
Desde então, Atala continua reinventando e introduzindo a culinária brasileira para o mundo, com o seu uma estrela Dalva e Dito, um restaurante de estilo rústico que conquista pela releitura de pratos tradicionais, o Açougue Central, com o foco em carnes, e o brasileiríssimo com foco em gastronomia natural, o Bio, inaugurado há um ano e já dono do título Bib Gourmand. Atala também participou da Melhor Mesa de Chefes do Mundo, no Margaret River Gourmet Escape 2017, um festival popular de quatro dias, na Austrália, no qual chefs aclamados do mundo inteiro podem levar seus convidados a uma excepcional jornada culinária, com muita comida e vinho.
Conversamos com Atala sobre como ele se sentiu quando o D.O.M. foi premiado com duas estrelas Michelin pela primeira vez.
Como foi seu primeiro encontro com o Guia Michelin?
É impossível entrar no mundo da gastronomia e não ouvir falar sobre o Guia Michelin e suas estrelas. A primeira vez foi logo nos primeiros dias da minha carreira.
Quando você e sua equipe ganharam suas primeiras estrelas?
Foi em 2015, o primeiro ano em que o Guia Michelin teve uma edição no Brasil.
Como você comemorou quando seu restaurante recebeu duas estrelas Michelin?
D.O.M. foi o único no Brasil a receber duas estrelas. Nós debutamos com dois e, graças a muito trabalho duro, conseguimos mantê-las até então.
Como ter estrelas Michelin mudou a direção do seu restaurante?
Não mudou e não mudará. Elas trazem mais responsabilidade ao restaurante, assim como uma estrela de um guia tão respeitado poderia trazer para qualquer um. Mas nossa meta permaneceu e continuará sendo a de fazer culinária brasileira criativa e ousada, com os ingredientes incríveis que nossa terra proporciona.
Para você, o que uma estrela Michelin simboliza?
É motivo de orgulho, mas acima de tudo, é ótimo ver um prêmio tão respeitado chegando ao Brasil. Os restaurantes e chefs incríveis que temos aqui devem ser reconhecidos e valorizados.
Qual é o seu conselho para jovens chefs que buscam conquistar estrelas Michelin?
Depois de 30 anos trabalhando na cozinha, o que mais me entusiasma é ver que esse é um caminho sem fim. Colocar meu uniforme todas as manhãs, me faz perceber que as possibilidades que esse caminho oferece são muito mais amplas do que eu jamais poderia ter imaginado. Tenha isso em mente: esta estrada nunca acaba, nem mesmo quando você recebe uma estrela.