Além de trabalhar pela excelência da comida e do serviço, de uns anos para cá, chefs e restaurateurs têm se debruçado sobre outra tendência: a busca da batida perfeita para complementar a experiência no restaurante. “A trilha sonora tem que refletir a personalidade do lugar”, afirma Zé Marcio Alemany, diretor criativo da Radio Ibiza, que é responsável pela identidade musical de restaurantes que estão na seleção do guia MICHELIN - Lima Cocina Peruana, Maní, Manioca, Olympe e Oro. “O que toca nas caixas de som tem que estar em harmonia com o conjunto da obra: o cardápio, a carta de bebidas, o público-alvo, a atmosfera do salão...”, complementa.
Os autofalantes do Maní ecoam MPB, “em faixas mais roots, da terra. É o Brasil original, assim como a despensa da chef Helena Rizzo”, explica Zé Marcio. No Oro, o que toca também é o popular brasileiro, só que em versões mais modernas, “exatamente como Felipe Bronze faz ao revisitar receitas típicas nacionais”. Já a playlist do Olympe apresenta músicas no estilo cool house, com batida eletrônica mais leve, ornando com a cozinha francesa-contemporânea de Thomas Troisgros.
No Bistrot de Paris, o próprio chef Alain Poletto é quem monta a playlist de músicas em francês. “Faço um mix das clássicas - aquelas que todo mundo conhece -, com versões jovens e modernas como as da Zaz, que eu adoro”, conta. Músicas brasileiras interpretadas em francês também são bem-vindas.
“A música jamais pode atrapalhar o fluxo da conversa. Até porque, quando se aumenta som, as pessoas, sem perceber, passam a falar cada vez mais alto”, complementa Zé Marcio.
Eis a cartilha: música boa, adequada, com volume na medida para elevar a experiência à mesa, onde a estrela, veja bem, deve ser sempre a comida.