Les Bains

A casa noturna mais célebre de Nova York, o antigo Studio 54, pode ser considerado um dos antecessores do conceito hotel boutique. Pelo menos, ambos tiveram o mesmo criador, Ian Schrager. Imagine, então, quando o equivalente parisiense da icónica boate nova-iorquina fecha suas portas e, após uma série de renovações, torna-se de fato um luxuoso hotel boutique. Essa é a história do Le Bains Paris. O prédio foi construído no fim do século XIX e abrigava um dos mais famosos banhos privados da capital. No fim da década de setenta, ele foi transformado na casa noturna Les Bains Douches e se tornou o recanto exclusivo dos ricos e famosos.

Na sua reencarnação mais ousada, o local era frequentado por nomes como Bowie, Jagger e Warhol. Alguns se lembrarão do nome porque foi aqui que a banda Joy Division gravou um álbum em 1979. A decoração excêntrica da antiga discoteca foi assinada por ninguém menos que Philippe Starck, ainda no início de sua carreira. Após ter suas portas fechadas devido a problemas estruturais, o local tornou-se palco de apresentações surpresas dos artistas de rua da contracultura parisiense. O legado do local é indiscutível. Seu atual proprietário, o diretor de cinema Jean-Pierre Marois, herdou o imóvel de seu pai, responsável pelos anos de glória da boate, e, portanto, tem real interesse em manter o conceito original.

Para isso, ele contou com nomes de peso, como o arquiteto Vincent Bastie e os designers Tristan Auer e Denis Montel. A direção de criação ficou por conta de Alexandre Kellas, conhecido por seu trabalho no Chateau Marmont, o equivalente do Les Bains em Los Angeles. O resultado é um hotel que exibe uma infinidade de atmosferas diferentes e onde cada espaço exibe um cenário particular – às vezes boêmio, às vezes barroco, às vezes simplesmente sobrenatural. O restaurante e bar La Salle à Manger oferece cardápio criado pelo chef Philippe Labbé, que possui três estrelas do Guia MICHELIN, e ainda exibe o piso original criado por Philippe Starck para a pista de dança. A antiga caixa d’água foi transformada no Le Réservoir, o salão de jantar privativo do hotel.

Enquanto isso, no andar de cima, os quartos exalam simplicidade e relaxamento em espaços luxuosos e iluminados, capazes de restaurar a sanidade e a saúde de qualquer hóspede, mesmo após a mais agitada das noites. Não é sempre que um hotel boutique nos faz lembrar tão intensamente as razões de nossa paixão por esse estilo de hospedagem.